“Menestrel das Alagoas”: o arauto da democracia, por Tasso Jereissati


O mais querido político brasileiro de sua época, Teotônio Vilela, o “Menestrel das Alagoas”, faria 95 anos nesta segunda-feira, 28 de maio. Jornalista, cronista, ensaísta, empresário, político, poeta, o velho Teotônio foi uma figura múltipla. Dono de uma visão à frente do seu tempo e de uma disposição incansável, lutou contra o arbítrio e a injustiça em pleno período da Ditadura Militar, defendendo, sobretudo, a democratização e o resgate da dívida social do país. As bandeiras que empunhou o elevaram à condição de herói nacional, acima de interesses de partidos ou classes.

O ponto alto de sua atuação política foi a luta pela anistia, quando visitou presídios pelos quatro cantos do país. Não houve rincão brasileiro onde o “Andarilho da Liberdade” não tenha colocado os pés. Deu impulso à campanha Diretas, já!, que levou multidões às ruas das principais cidades do país. Teotônio encerrou sua carreira como senador, em novembro de 1982, em decorrência de um câncer, mas não deixou a atuação política até o fim da vida. Morreu em 27 de novembro de 1983, deixando da sua própria vida como exemplo de civilidade para todos os brasileiros, principalmente os políticos.

Cinco anos após sua morte, as bandeiras e princípios de Teotônio moldaram a fundação do PSDB. “Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, nasce o novo partido.” Afirmação de repúdio do clientelismo e de compromisso com os interesses sociais, que serviu de epígrafe para o manifesto de criação da legenda, no dia 25 de junho de 1988, é uma espécie de resumo do legado do próprio Teotônio.

Oriundos em sua maioria do PMDB, última sigla do “Menestrel das Alagoas”, os representantes do novo partido atuaram para consolidar o regime democrático. Ao chegar ao poder central, durante os dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB transpôs para prática os anseios de Teotônio, com a construção de uma economia sólida, com fundamentos estáveis, além do desenvolvimento de programas sociais eficazes, destinados principalmente aos mais pobres.

Em suma, Teotônio inspirou a atuação do PSDB e emprestou seu nome à entidade de formação política da legenda. Dessa forma, o “Guerreiro da Paz”, como o chamou o jornalista Márcio Moreira Alves, voltou a militar no seio tucano, em 19 de setembro de 1995, quando o partido fundou o Instituto Teotônio Vilela.

Esta é apenas uma singela homenagem do ITV em reconhecimento ao legado de seu patrono. Abaixo a charge que Teotônio mais gostava. De autoria do cartunista e também defensor da democracia Henfil, o desenho resume em ligeiros traços o espírito do velho Teotônio.

(*) Tasso Jereissati é presidente do Instituto Teotônio Vilela

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28 maio, 2012 Artigosblog Sem commentários »

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