Denúncia grave
Tucanos rechaçam suposta tentativa de ex-presidente de cooptar Gilmar Mendes
Parlamentares do PSDB reagiram nesta segunda-feira (28) à tentativa do ex-presidente Lula de interferir no julgamento do mensalão no intuito de adiá-lo para depois das eleições municipais. De acordo com a revista “Veja”, o petista procurou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes para lhe oferecer blindagem na CPI do Cachoeira em troca da protelação do julgamento. Ministros do Supremo rechaçaram a atitude e deputados tucanos querem explicações do ex-presidente.
“É gravíssimo um ex-presidente fazer ingerência sobre um julgamento que a população brasileira aguarda há tanto tempo. Essa questão precisa ser elucidada e os envolvidos no mensalão devem ser punidos”, cobrou o deputado Rodrigo de Castro (MG).
Segundo a revista, Gilmar Mendes foi convidado para um encontro com o ex-presidente no escritório do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim. Lula teria feito insinuações de que seria inconveniente julgar o mensalão antes das eleições. O petista teria dito que tem o controle político da CPI do Cachoeira e poderia proteger o ministro, que teve a convocação cogitada na comissão. Lula teria perguntado sobre uma viagem do magistrado a Berlim, onde teria encontrado o senador Demóstenes Torres. Mendes teria ficado irritado com o ex-presidente e rechaçado a proposta.
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“Certamente há um temor muito grande de que o julgamento atrapalhe o PT nas eleições, mas é fundamental que haja um julgamento justo, isonômico e rápido. O Brasil clama por isso”, destacou o deputado Rui Palmeira (AL). Na avaliação do tucano, a atitude de Lula foi absurda e nenhum dos membros do Supremo deve ser pressionado.
“É inconcebível esse tipo de pressão sobre a mais alta corte do nosso país. O processo do mensalão é muito bem fundamentado pela PGR e queremos que aconteça o julgamento. Ele é quem vai dizer quem são os culpados ou inocentes e há uma necessidade urgente que o STF julgue o quanto antes esse caso”, disse.
A reação dos ministros do Supremo também foi de revolta. Celso de Mello disse que “tentar interferir dessa maneira em um julgamento do STF é inaceitável e indecoroso. Rompe todos os limites da ética”. Para Marco Aurélio, qualquer tipo de pressão ilegítima sobre a corte é intolerável e inconcebível. “Não concebo uma tentativa de cooptação de um ministro. Mesmo que não se tenha tratado do mérito do processo, mas apenas do adiamento, para não se realizar o julgamento no semestre das eleições. Ainda assim, é algo inimaginável. Quem tem de decidir o melhor momento para julgar o processo, e decidirá, é o próprio Supremo”, afirmou.
Para Rui Palmeira, a resposta dos magistrados vai ao encontro do anseio da sociedade, que quer justiça. “Houve uma reação de indignação por parte dos ministros mostrando que o STF tem maturidade e independência para julgar esse e outros casos de repercussão”, comentou.
Durante a conversa, o ex-presidente teria insinuado ainda que pediria ao ministro aposentado Sepúlveda Pertence para falar com a ministra Carmen Lúcia, sua prima e apadrinhada na indicação para o cargo.
Para Walter Feldman (SP), a atitude de Lula é uma negativa a um escândalo que marcou seu governo. “Como os que negam o holocausto, Lula nega o mensalão e tenta adiar o julgamento dos envolvidos com o maior escândalo de corrupção do Brasil”, disse via Twitter. “O Judiciário e o Parlamento devem ser livres. Com as imposições de Lula, o governo demonstra que desconhece liberdade e democracia e infelizmente engessa as Instituições e aplica a falsa democracia”, completou.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola e Leonardo Prado/Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)
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