Alta na inadimplência
Para deputados, endividamento das famílias é efeito colateral de medidas paliativas do governo
Os deputados Rogério Marinho (RN) e Alberto Mourão (SP) alertaram nesta segunda-feira (28) para as consequências das medidas paliativas que o governo tem adotado na tentativa de aquecer a economia. Renúncias fiscais em setores específicos e estímulo ao crédito têm gerado o endividamento de famílias, que se veem obrigadas a reduzir o padrão de vida ou dar o calote. Estudo da consultoria MB Associados com base na Pesquisa de Orçamento das Famílias (POF) do IBGE mostra que 14,1 milhões de famílias comprometeram mais de 30% da renda mensal com dívidas. Em abril, a inadimplência atingiu o recorde de 7,6%.
Para Marinho, falta ao governo adotar uma política econômica abrangente que contemple o país como um todo e considere o futuro. “O governo erra no momento em que deixa de fazer a reforma tributária e incentiva, com renúncias fiscais, apenas alguns segmentos da economia, ou seja, não pensa no macro”, disse.
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Em sua avaliação, falta planejamento. O endividamento é uma consequência dessa política equivocada. “Não acredito que as coisas mudem se continuar essa guerra de factoide, essa tentativa de colocar a propaganda sempre acima das ações concretas”, completou. Segundo ele, o Planalto tem jogado fora a chance de definir uma política estruturante e realizar a “tão sonhada reforma tributária”.
A marca de endividamento das famílias ultrapassa o limite considerado saudável, pois 70% do orçamento é usado com despesas básicas, como comida, habitação ou saúde, conforme mostra a POF. A maior parte das famílias endividadas fazem parte das classes C (5,8 milhões) ou D e E (6,6 milhões). Em média, o brasileiro comprometeu 26,2% da renda mensal com dívidas. O desemprego é a principal causa dos calotes (38,3%), mas a fatia do descontrole de gastos subiu de 15% para 24,6%. Nas famílias com renda acima de 10 salários mínimos, esse já é o principal motivo da inadimplência (37,3%).
Alberto Mourão considera pontuais as medidas anunciadas pelo governo para incentivar o consumo. Na opinião do deputado, é um erro achar que endividando a população se resolve o problema da economia. “A prova é que na mesma semana que se noticiou o incentivo com a redução da taxa de juros e a retirada do IPI dos impostos dos veículos, saiu a notícia de que a inadimplência tinha aumentado muito”, lembrou.
Os parlamentares defendem medidas para investimentos, sobretudo em infraestrutura, e passem pela redução de juros globais, reforma tributária, além de mais atenção com a questão cambial. “O governo tem que fazer seu papel. Se existe tributo caro é porque também tem um alto custo. Todo dia o governo aumenta suas despesas. É preciso reduzir. A partir do momento em que diminuir os gastos e tiver uma sobra para o investimento, ele mesmo fará sua economia girar. Hoje, o investimento tem sido mínimo”, apontou Mourão.
A frase:
“O essencial é ter um teto, emprego, sistema de saúde e segurança. Depois disso conquistamos as outras coisas.”
Deputado Alberto Mourão (SP), ao cobrar ações mais efetivas para aquecer a economia.
(Da redação/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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