Fechar a cicatriz
Para líder do PSDB, Comissão da Verdade deve esclarecer fatos da ditadura militar
O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), participou nesta quarta-feira (16) da solenidade de instalação da Comissão da Verdade, no Palácio do Planalto. O objetivo do grupo é esclarecer as violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar no Brasil. A expectativa do tucano é que o trabalho da comissão esclareça a verdade dos fatos ocorridos durante o regime ditatorial.
“Esse é um movimento que reúne todo o país. Mais do que um débito, um restabelecimento com o passado, é um compromisso dessa geração com as gerações futuras que precisam conhecer a história oficial, e que ela seja verdadeira”, afirmou. “Temos a confiança de que esse trabalho vai nos fazer virar uma página, fechar uma cicatriz para que possamos dar sequência à história num ambiente de futuro muito positivo”, acrescentou.
Araújo ressaltou a presença dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva no evento. “Vemos a participação dos ex-presidentes que participaram do processo de redemocratização. Sobretudo, os últimos dois presidentes que antecederam a presidente Dilma e deram passos importantes no sentido de restabelecer o que houve de fato nos períodos mais duros do regime ditatorial”, declarou.
Durante a cerimônia, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a Comissão da Verdade não é motivada por “ódio”, “revanchismo” ou “desejo de reescrever a história”. A petista foi presa e torturada pela ditadura.
Os membros do grupo divergem sobre o foco das apurações. O líder tucano disse que a abrangência da investigação será discutida pelos integrantes da comissão. “Parte deles acha que devem ser esclarecidos todos os excessos da ditadura, bem como os excessos de militantes que atuaram contra o regime. Outros acham que os grupos de esquerda são vítimas. A própria comissão, de forma legítima e com serenidade, deve apreciar o que é melhor para o país. Temos indicados de reputação ilibada e com uma história importante na República que vão contribuir com um trabalho de muita qualidade.”
O projeto de lei do Executivo, que criou a Comissão Nacional da Verdade, foi aprovado na Câmara em setembro do ano passado. O PSDB votou a favor da matéria e uma emenda do partido foi acatada pelo relator do texto, deputado Edinho Araújo (PMDB-SP). Segundo a sugestão dos tucanos, “qualquer cidadão que demonstre interesse em esclarecer situação terá prerrogativa de prestar informações para fins de esclarecimento da verdade”. A proposta foi sancionada em 18 de novembro de 2011.
Início dos trabalhos
→ A comissão será composta por sete membros: o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gilson Dipp, o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, o advogado José Paulo Cavalcanti Filho, o advogado e ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro e a psicanalista Maria Rita Kehl.
→ Gilson Dipp será o coordenador dos trabalhos durante a fase de instalação. Não existirá um presidente e todos os membros deverão se revezar na coordenação do grupo. A primeira reunião será nesta quarta-feira, às 16h, na Casa Civil.
(Reportagem: Alessandra Galvão e Marcos Côrtes/ Foto: Antônio Cruz/ABr e Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)
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