Discussões supérfluas


Parlamentares criticam desvio de foco e lentidão na CPI do Cachoeira

Os deputados do PSDB integrantes da CPI Mista do Cachoeira criticaram nesta terça-feira (15) o desvio de foco nos trabalhos do colegiado. Os tucanos acreditam que muito tempo está sendo perdido com discussões supérfluas, como a suposta negligência do Ministério Público em relação às investigações da Polícia Federal. Em reunião deliberativa, a comissão aprovou, após longa discussão, pedido de informações ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre os procedimentos adotados em relação às operações Vegas e Monte Carlo.

Por sugestão dos tucanos, foi aprovado pedido de agravo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ministro Celso de Mello revogue a decisão que adiou o depoimento de Cachoeira. A intenção é evitar que se abra precedente para outros convocados, que poderão alegar também não ter tido acesso aos documentos, como fez a defesa do contraventor. Requerimento de reconvocação ao bicheiro foi aprovado e o depoimento está previsto para a próxima terça-feira (22).

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O deputado Carlos Sampaio (SP) avaliou como pertinente a decisão de pedir informações por escrito a Gurgel. “O que não tinha cabimento era discutir a convocação do responsável pelo órgão de acusação de importantes casos de corrupção no país. Não podemos concordar que a CPI perca seu foco ouvindo o procurador-geral em vez de ouvir aqueles que fazem parte de uma quadrilha, que usurparam dinheiro dos cofres públicos”, destacou.

Na semana passada, o tucano assinou requerimento junto com o deputado Fernando Francischini (PR) pedindo informações ao procurador, por considerar desnecessária sua ida ao Congresso. A sugestão foi incorporada ao pedido aprovado pela CPI. Gurgel tem 5 dias para responder o pedido de informação.

Segundo Sampaio, a decisão do STF que impediu a oitiva de Cachoeira foi equivocada, pois se baseou na alegação da defesa de que o tempo para acesso aos autos havia sido curto. De acordo com ele, os advogados do contraventor podiam ter visto os documentos muito antes que os parlamentares da comissão, diretamente na Justiça.

Enquanto tais discussões tomam o tempo do colegiado, Francischini acredita que ações importantes como a aprovação de convocações, como a de Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, e da quebra de sigilo dos citados em gravações da PF são erroneamente proteladas. “A CPI está sendo muito lenta na apuração dos verdadeiros bandidos. Me sinto decepcionado, pois isso mais parece um palco de disputas políticas e de vingança daqueles que já foram investigados por corrupção e agora querem se vingar do Ministério Público e de revistas que faziam denúncias graves de corrupção”, afirmou.

O deputado Domingos Sávio (MG) também saiu em defesa de uma apuração mais consistente. “Não podemos deixar de ter como foco a quadrilha, os bandidos, para passar a ter como foco a Procuradoria Geral sem nenhum fundamento”. O tucano sugeriu que a próxima reunião, marcada para quinta-feira (17), seja mais produtiva. Neste dia seria a oitiva dos procuradores que acompanham as operações da PF, mas os depoimentos serão remarcados para o próximo mês.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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15 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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