Ramificações em todo o país


Após segundo dia de oitiva, tucanos defendem atuação mais ampla de CPI do Cachoeira

O depoimento do delegado Matheus Mella Rodrigues, responsável pela operação Monte Carlo da Polícia Federal, na CPI do Cachoeira reforça a necessidade de aprofundar as investigações e ampliar a atuação do colegiado. Essa é a avaliação de Carlos Sampaio (SP) e Fernando Francischini (PR), que integram o grupo. A atuação da organização criminosa não se restringia a Goiás ou ao Centro-Oeste. De acordo com deputados e senadores que participaram da oitiva nesta quinta-feira (10), o grupo possuía ramificações em todo o país. Carlos Cachoeira tinha ao menos 13 empresas em nome de laranjas, inclusive com capital em um paraíso fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas.

Os deputados destacaram a importância de se buscar novas provas contra os investigados nas operações da PF. Francischini rebateu críticas de parlamentares governistas sobre a tentativa da oposição de ampliar o leque de apuração. Segundo ele, o temor é de que a relação do governo federal com a Delta seja analisada e surjam novos personagem do escândalo.

O tucano apresentará requerimento solicitando informações ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O deputado quer saber por que não foi pedida, em 2009, a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar políticos que teriam ligações com Cachoeira. Parlamentares da base aliada querem convocar o procurador. Nessa quarta-feira (9), Gurgel afirmou que as críticas partiram de “pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão”. Na avaliação dos tucanos, a hipótese faz sentido. “Temos que obter informações sobre o motivo pelo qual a Operação Vegas ficou na Procuradoria por dois anos, mas por outro lado resguardar o procurador, que tem uma função ímpar no nosso país, no julgamento do mensalão daqui a alguns meses”, destacou.

Carlos Sampaio afirmou que o delegado pedirá nova análise das gravações feitas durante a operação para proporcionar mais informações. Na opinião do tucano, esse é um importante passo no trabalho do colegiado. “Uma CPI que reproduza provas já feitas perde seu sentido. Ou ela inova o contexto de provas, ou não tem uma razão de ser. Hoje tivemos uma demonstração de que ela já gerou um efeito prático: a reanálise de todas as escutas, principalmente os encontros fortuitos envolvendo parlamentares”, destacou.

Os deputados reforçaram a necessidade de se ouvir o dono da Delta, Fernando Cavendish, e o seu ex-diretor no Centro Oeste, Claudio Abreu. A oitiva com os governadores citados nas escutas também foi defendida pelos tucanos. Os parlamentares do PSDB já haviam apresentado requerimento de convocação nesse sentido. Segundo eles, o governador de Goiás, Marconi Perillo, pediu para ser ouvido, mas a convocação ainda será votada pelos parlamentares.

Crimes de corrupção

-> Dados da Operação Monte Carlo: nos inquéritos foram encontrados indícios de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, contrabando, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

-> A operação monitorou, em 11 meses e meio, mais de 259 mil ligações telefônicas, sendo que 16 mil foram consideradas importantes por envolver jogo e corrupção. Cerca de 3,7 mil ligações num código PLX, ou os chamados encontros fortuitos que são fatos novos que ainda serão analisadas e que podem envolver políticos.

-> O delegado Matheus Mella afirmou aos deputados e senadores que 30 máquinas de caça-níqueis da organização criminosa faturavam cerca de R$ 1 milhão por mês.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
10 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *