Material monitorado


Carlos Sampaio começa a acessar dados da CPI do Cachoeira e cobra fim do sigilo

O deputado Carlos Sampaio (SP) começou a acessar, nesta segunda-feira (7), os dados dos inquéritos encaminhados pelo Supremo Tribunal Federal à CPI do Cachoeira sobre a ligação do contraventor com parlamentares. O tucano passou a maior parte do dia analisando o material, que está em uma sala monitorada por câmeras no Senado. O processo corre em segredo de Justiça. Apenas três computadores dão acesso aos documentos e restringem as informações aos 64 parlamentares que integram a comissão. A entrada no local é feita por ordem de chegada. Após reclamações dos congressistas, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), determinou que sejam instalados mais sete computadores.

Para Sampaio, a sistemática adotada inviabiliza por completo a apuração. Segundo ele, impedir a entrada dos assessores dos parlamentares na sala prejudica a apuração. O deputado também se queixou de que os áudios não estavam disponíveis. “Isso restringe as informações tão somente ao parlamentar, que não pode se auxiliar de um assessor técnico. Mas o presidente está sensível a isso e está ampliando as máquinas e, a partir desta terça-feira, os áudios também devem ser disponibilizados”, afirmou.

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“Os deputados têm o mesmo direito do relator. Eu tenho certeza que ele não vai ficar na fila para ouvir os áudios e nem vai analisar sozinho com lápis e papel na mão. Ele vai ver tudo com todos os técnicos ao seu lado. Não é possível que tenhamos cidadãos de primeira categoria – relator e presidente – e de segunda categoria – que seríamos nós”, acrescentou.

O tucano afirmou que vai sugerir ao presidente e ao relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que se reúnam com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para pedir a quebra de sigilo do inquérito. De acordo com Sampaio, parte do conteúdo protegido já vazou na internet. “Não faz o menor sentido, de forma hipócrita, fingir sigilo sobre algo que já foi divulgado para o Brasil inteiro. A quebra do sigilo no inquérito não se confunde com a da informação. Sigilo bancário, fiscal e telefônico continuam sendo mantidos”, disse. O deputado defende que as informações sejam acessadas nos gabinetes dos deputados e não na sala reservada com o fim da confidencialidade.

Procurador geral da República

Carlos Sampaio comentou também a resposta do Ministério Público à tentativa de petistas de convocar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI. O MP considera que essa é “uma provocação dos que temem muito o julgamento do mensalão”. Na opinião do deputado, a ideia do PT é desautorizar o procurador. “Ele é a pessoa que vai oferecer a denúncia contra todos os parlamentares e envolvidos que tem foro privilegiado. Não teria sentido ele ser ouvido, porque se fosse testemunha ele perderia a prerrogativa de ser o autor da denúncia. Não adianta tentar criar um clima porque ele não foi algoz de ninguém. Ele está promovendo a justiça quando pede a condenação daqueles que desviaram dinheiro público”, apontou.

Agenda da CPI

Nesta terça-feira (8) está previsto o depoimento do delegado da Polícia Federal Alexandre Marques de Souza, responsável pela investigação da Operação Vegas. Na quinta-feira (10) será a oitiva do delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, e dos procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsáveis pela investigação da Operação Monte Carlo. As reuniões serão realizadas às 14h30 na Sala 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.

→ Os parlamentares estão proibidos de entrar nos boxes dos computadores com celulares e não podem reproduzir os documentos. Os computadores foram preparados para impedir cópias magnéticas, acesso à internet ou impressão.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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7 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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