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Lentidão do PAC pode se agravar com a saída tardia da Delta, avaliam deputados

A pífia execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a lentidão das obras podem se tornar ainda piores. Passados dois anos da identificação pela Controladoria-Geral da União (CGU) de problemas em contratos com a construtora Delta, só agora o Planalto deve determinar a saída definitiva de sua empreiteira favorita. Até 30 de abril, o governo pagou efetivamente apenas 1% dos R$ 42 bilhões previstos no orçamento para o programa em 2012. Os deputados César Colnago (ES) e Wandenkolk Gonçalves (PA) acreditam que a omissão do Executivo e a demora em agir diante das denúncias podem gerar novos atrasos.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta semana que o governo já se preocupa com a possibilidade da Delta deixar a execução de empreendimentos em todo o país. Carvalho admitiu, porém, que o Planalto não tem sequer um diagnóstico preciso sobre a quantidade de construções em risco. Apesar disso, o ministro garantiu que as obras serão retomadas o quanto antes, o que, na avalição dos parlamentares tucanos, dificilmente acontecerá.

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Para Wandenkolk, o governo quis proteger a empreiteira, mas a situação ficou insustentável. “Só que boa parte do governo não está preocupada com problemas. O receio nesse momento é só de não ser alcançado pelos tentáculos da Delta”, destacou.

A empreiteira tem cerca de 300 contratos no setor de construções em 23 estados e no Distrito Federal. Foi a empresa que mais recebeu recursos do governo Dilma em 2011. A CGU identificou irregularidades em 60 contratos, no valor de R$ 632 milhões, entre a construtora e o governo federal, de 2007 a 2010. “São obras gigantescas que infelizmente estavam nas mãos de uma empresa que surrupiava o dinheiro público em favor de uma quadrilha que se instalou no governo para desviar verbas públicas. É preocupante”, destacou.

Investigações da Polícia Federal apontam ligação entre a empreiteira e o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira. A CGU abriu processo para declarar a inidoneidade da empresa. Na avaliação de Colnago, o Planalto ter esperado o caso virar escândalo nacional para só então tomar providências demonstra descaso com a infraestrutura.

“O governo não tem nenhum padrão gerencial de controle de qualidade ou execução de obras e age apenas por impulso após surgirem denúncias da imprensa. Foi assim também nos ministérios”, apontou o 1º vice-líder do PSDB na Câmara.

O parlamentar criticou o PAC por ser somente um plano midiático. “Essa história de que a presidente Dilma é uma grande gerente é outra falácia. As coisas estão completamente desorganizadas e atrasando todo o investimento que o Brasil precisa. Temos uma infraestrutura capenga. Está tudo muito deteriorado, apesar de a propaganda de governo mostrar imagens que mais parecem ser de outro país”, disse.

Abandono de obras

-> Nesta semana, a Delta anunciou o abandono de dois empreendimentos no Rio de Janeiro: a reforma do Maracanã e o corredor expresso Transcarioca. A medida causou preocupação em relação aos preparativos para a Copa de 2014. A Petrobras também acenou que a empreiteira pode deixar duas de suas maiores obras no estado: o Complexo Petroquímico Rio de Janeiro (Comperj) e a Refinaria Duque de Caxias (Reduc).

-> Alguns órgãos federais responsáveis por obras do PAC sequer emitiram um centavo do que está previsto no orçamento de 2012 para o programa. É o caso da Secretaria de Aviação Civil, Ministério da Saúde, e Ministério do Desenvolvimento Agrário. Além dos recursos destinados ao Trem de Alta Velocidade (TAV), que nunca saiu do papel.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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3 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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