Pressão no STF
Deputados rechaçam tentativa do PT de adiar julgamento dos réus do mensalão
Além das tentativas de frear as investigações da CPI do caso Cachoeira, o PT pressiona para adiar o julgamento dos réus do mensalão. Os deputados Vanderlei Macris (SP) e Reinaldo Azambuja (MS) condenam a manobra e esperam que o processo do maior escândalo de corrupção do país seja analisado rapidamente.
Liderado pelo ex-presidente Lula, o movimento de coação no Supremo Tribunal Federal (STF) visa livrar correligionários de um julgamento mais rigoroso e convencer o órgão de que o caso não deve ser tratado neste ano. O medo dos petistas é de que os ministros sucumbam a pressões da opinião pública em ano eleitoral, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.
baixe aquiMacris espera que a sociedade continue se mobilizando para evitar que os crimes prescrevam. “É inadmissível que o Supremo protele essa decisão. A determinação é do país. A sociedade está muito atenta. É uma demanda do Estado brasileiro, da democracia. Tenho certeza que a decisão será pela condenação dos réus”, apontou nesta segunda-feira (16).
Azambuja considera inaceitável a tentativa do PT de adiar a análise. “O STF precisa dar uma resposta. O PT quer misturar a CPI do Cachoeira com o mensalão. O PSDB é a favor da apuração de tudo e de punição dos culpados. Não se deve jogar a sujeira para debaixo do tapete. O povo brasileiro espera com urgência esse julgamento”, ressaltou.
Segundo a Folha, Lula teria afirmado a pelo menos dois ex-ministros de seu governo que não gostaria que o julgamento ocorresse neste ano por temer prejuízos a candidatos nas eleições municipais. Dos 11 integrantes do Supremo, seis foram nomeados por Lula.
Azambuja considera um absurdo o ex-presidente pensar em questões políticas diante dessa situação. “Acredito na justiça. O Supremo vai dar a resposta ao povo brasileiro. O ex-presidente está equivocado. Ele pensou apenas em questões políticas. E temos que pensar é naquilo que a sociedade espera”, concluiu.
Assédio petista
→ O futuro presidente do STF, Carlos Ayres de Britto, disse que no novo cargo, que assumirá na quinta-feira (19), fará todo o esforço para que o mensalão seja julgado até julho, como mostraram os jornais do fim de semana.
→ Segundo reportagem da “Folha”, na denúncia que deu origem ao processo do mensalão, Dirceu é apontado pela Procuradoria-Geral da República como chefe de um esquema que teria desviado recursos públicos para os partidos que apoiavam o governo Lula no Congresso.
→ O foco mais evidente do assédio petista é o ministro José Dias Toffoli, que foi assessor do PT e advogado-geral da União no governo Lula. Emissários do ex-presidente já fizeram chegar a Toffoli a preocupação com a possibilidade de ele se considerar sob suspeição durante o julgamento do mensalão.
→ O escândalo veio à tona em 2005, quando o então deputado federal Roberto Jefferson declarou em entrevista à “Folha de S.Paulo” publicada em 6 de junho que o PT pagava uma mesada de R$ 30 mil para deputados da base aliada no Congresso. De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República, José Dirceu era o “chefe da quadrilha”. Em dezembro daquele ano, o petista teve seu mandato cassado na Câmara.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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