Caso Carlos Cachoeira

Líder defende investigação ampla e espaço de destaque para a oposição em CPI

As assinaturas para a instalação da CPI Mista do caso Carlos Cachoeira começaram a ser colhidas na tarde desta quinta-feira (12) no Congresso. Para ser criado, o colegiado precisa do aval de 171 deputados e 27 senadores. O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), voltou a ressaltar a importância de uma apuração abrangente e clara. A comissão investigará as ligações do contraventor com agentes públicos e privados desvendadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.

“O requerimento vai permitir uma investigação ampla e abrangente. O menos importante é o intervalo de tempo e mais os fatos que tenham interconexão com o senhor Carlos Cachoeira. Aqueles que apostaram que essa rede poderia estar circunscrita a um estado vão entender que os tentáculos dessa organização criminosa se espalharam pela República e as mais diversas instituições. E é isso que queremos investigar contando que o governo possa compartilhar com as oposições, dando a devida transparência”, afirmou o tucano em entrevista coletiva ao lado do líder do PT, Jilmar Tatto (SP). (foto)

Indicado para integrar comissão de inquérito, Carlos Sampaio espera apuração abrangente

Araújo destacou que a oposição busca um acordo para que a direção da CPI não seja exclusivamente de integrantes do governo. O PSDB encaminhou uma moção aos presidentes da Câmara e do Senado sugerindo uma participação da oposição nesse sentido. “Esperamos chegar a um entendimento do compartilhamento de presidência e relatoria para que não reste dúvida nenhuma à sociedade de quais são as verdadeiras intenções da maioria”, disse.

Pela tradição, o comando das comissões parlamentares de inquérito fica com as maiores bancadas do Congresso. Dessa forma, o PMDB do Senado teria direito à presidência e, o PT na Câmara, à relatoria. No entanto, um acordo poderia mudar esse quadro. “Vamos apostar no processo de negociação, apelar para a sensibilidade de que essa não é uma CPI da minoria, mas de todos, e deveria ser compartilhada. Acredito que, além da questão da proporcionalidade, vai haver um espaço importante para que a oposição possa participar menos com o número e mais com a qualidade”. O PSDB terá duas vagas.

O líder tucano destacou que a apuração não pode proteger nenhum envolvido. “Queremos entender qual o grau dessa ramificação. O PSDB, que colaborou com essa CPI, vai com muito rigor participar de forma firme dessa investigação.”

Resposta ao presidente do PT

O parlamentar criticou ainda a declaração do presidente do PT, Rui Falcão, que defendeu o colegiado para desviar o foco do julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF). Em vídeo postado no site do partido, Falcão convocou militantes a se mobilizarem contra a “operação abafa” que, segundo ele, tentaria impedir investigações sobre Cachoeira e parlamentares de várias siglas. “É uma utilização política, o PT dando uma demonstração clara e assinando o recibo de que tinha outra intenção na formulação dessa CPI e o foco era mudar o julgamento do mensalão. Eu acho que o feitiço pode virar contra o feiticeiro porque aparentemente vai vir muita coisa”, declarou.

Para o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), a apuração deve ser imparcial. Ele também reprovou a declaração do presidente petista. “A sociedade espera uma investigação completa. O que o PT tenta fazer agora é algo parcial, procurando encobrir os petistas envolvidos. Temos de fazer uma investigação inteira, em Goiás, em Brasília, ou seja lá onde for, para apurar responsabilidades inteiras, completas, para que a sociedade tenha conhecimento delas. A questão do mensalão tem de ser resolvida lá no Judiciário”, afirmou em vídeo divulgado no site oficial da legenda (assista abaixo).

Leia também carta assinada pelo presidente do PSDB de Goiás, Paulo de Jesus, em resposta aos ataques de Rui Falcão.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Luiz Alves – Ag. Câmara /Áudio: Elyvio Blower/Vídeo: Hélio Ricardo)