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Seminário promovido por Antonio Imbassahy e ITV discute violência na Bahia e no Brasil

Dados inquietantes e esclarecedores sobre a real situação da violência na Bahia e no Brasil foram passadas na noite dessa quinta-feira (29) para uma platéia formada por mais de 300 pessoas que assistiram ao seminário “Segurança Pública na Bahia: Desafios e Perspectivas”, em Salvador. O encontro foi promovido pelo deputado Antonio Imbassahy (BA) com o Instituto Teotônio Vilela (ITV). Ao abrir o seminário, o tucano disse que o objetivo era conhecer o pensamento e experiência acumulada dos palestrantes, com a perspectiva de apresentar, sem partidarizar, possíveis soluções para o problema da insegurança.

Um dos palestrantes, o deputado Fernando Francischini (PR) relatou sua experiência na prisão do maior narcotraficante do mundo, o colombiano Juan Carlos Abadia. Ele observou que há alguns anos a violência era um problema que assombrava apenas os bairros pobres dos grandes centros. Hoje, porém, bate à porta de todos os brasileiros, indistintamente. A seu ver, a solução para conter esse aumento crescente da criminalidade é uma polícia capacitada, bem renumerada e honesta.

Francischini disse que a prisão de Abadia foi um divisor de águas no seu entendimento sobre a ação policial e apontou o crack como principal causador dos elevados índices da violência. “Antes eu acreditava que a repressão era chave de tudo. Hoje, estou certo de que, sem recuperação e prevenção, andando juntas, não chegaremos a lugar algum. Só a repressão, como é feito hoje no Brasil, é enxugar gelo. 99,9% dos que vendem crack são usuários dessa droga, que é devastadora, e leva o homem ao máximo da degradação”, concluiu, defendendo, a exemplo dos seus antecessores, um trabalho em rede, envolvendo saúde, educação, conselhos tutelares, Ministério Público e demais órgãos envolvidos nos direitos do cidadão.

O professor Carlos Alberto da Costa Gomes, diretor técnico da Federação dos Consultores Comunitários de Segurança Pública do Estado da Bahia e coordenador do Observatório da Segurança da Bahia, apresentou números oficiais que colocam a capital baiana como a cidade com o maior número de homicídios no Brasil, entre 2006 e 2011.  Ano passado, por exemplo, foram 1059, contra 644 em São Paulo, que tem quatro vezes a população da capital baiana.  A fonte é o Datasus, do Ministério da Saúde.

Os números mostram que o estado não tem conseguido cumprir a sua missão fundamental, que é assegurar o direito à vida. O professor questionou a falta de transparência do governo no que diz respeito à segurança pública, a exemplo do efetivo real das polícias Civil e Militar, que, na opinião dele, fica muito aquém do necessário. Segundo ele, o baixo número de policiais ainda é mal distribuído. “Regiões com maior índice de violência, que deveriam contar com efetivo maior, recebem exatamente o oposto. Se existe um policial para cada 200 habitantes, em bairros considerados nobre, nas regiões mais pobres a relação é de um para dois mil habitantes”, criticou. O coordenador do Observatório da Segurança foi enfático: “Se não houver uma reposição adequada dos policiais que se aposentam, vai haver um colapso na polícia em pouco tempo”, previu, afirmando que o efetivo policial na Bahia é mesmo desde 2009.

Ex- secretário nacional de Segurança Pública e pesquisador para a área de Segurança Pública do Instituto Fernand Braudel, órgão dedicado a estudos econômicos e sociais, considerado uma das maiores autoridades em segurança do Brasil, o Cel. José Vicente da Silva Filho destacou a situação de medo que predomina hoje nas grandes capitais do país e dificulta o cotidiano. “O medo corrói a vida da gente e nos preocupa cada vez mais. É um sentimento que contamina. A violência empobrece as cidades, que deixam de receber turistas, investimentos externos, com grande impacto no dia a dia das pessoas. Isso sem contar os prejuízos emocionais que provoca”, avaliou.

No seu entendimento, os governos estaduais precisam investir em ferramentas competentes para fazer frente aos desarranjos sociais. “O Brasil é hoje um dos países mais violentos do mundo. Somos a sexta economia, há quem diga que estamos a caminho da quinta. Mas, da forma como a segurança vem sendo tratada em algumas regiões vamos mesmo é para o quinto dos infernos se não invertermos essa situação de violência”, pregou.

Vicente Silva assinalou que, no governo passado, 700 mil pessoas, a maioria jovens e pobres morreram assassinadas no Brasil. Ele citou um estudo do IPEA sobre os custos da violência, que aponta um percentual de 5% do PIB. “São R$ 180 bilhões por ano. Não investir no aparato policial custa muito mais caro”, constatou.

(Da assessoria do deputado/ Foto: Divulgação)

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30 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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