Toma lá dá cá


Tucanos condenam estratégia petista de liberar emendas para aprovar propostas de interesse do governo

Deputados do PSDB condenaram a denúncia de que a presidente Dilma Rousseff liberou emendas parlamentares para garantir a aprovação de dois projetos de seu interesse no Congresso: a criação do Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), no Senado, e a Lei Geral da Copa, na Câmara. Segundo a “Folha de S.Paulo”, mesmo depois de a petista ter dito que não compactuaria com a política do “toma lá dá cá”, o governo prometeu liberar as verbas e conseguiu amenizar a crise com a base aliada, que inviabilizou a análise de matérias nas últimas semanas.

“Se confirmada a liberação de recursos para base aliada ontem, durante votação, a autorização da birita terá sido a mais cara de toda história”, escreveu o líder tucano na Câmara, Bruno Araújo (PE), no Twitter, em referência ao projeto de lei do mundial. Sob protestos do partido, o texto ratificado em plenário ontem manteve a venda de bebidas alcoólicas nos jogos. A liberação foi duramente criticada pelo PSDB, que apresentou destaques para impedi-la. No entanto, as sugestões foram rejeitadas.

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Para Walter Feldman (SP), havia um consenso dos deputados para votar contra a medida, mas “como num passe de mágica”, a maioria se posicionou a favor da comercialização. “Esse ato mágico, na verdade, foi a liberação de recursos para que os aliados pudessem aprovar a medida. Faltam valores e conceitos, o que faz com que uma decisão dessa importância possa ser revertida com a entrega de emendas parlamentares”, condenou.

O deputado acredita que, mesmo na Índia, a presidente Dilma participou do acordo. “Seguramente isso não aconteceria por meio de uma presidência interina. É evidente que ela foi informada e liberou, mesmo por telefone, para que a negociação pudesse ser feita. Não há dúvida da decisão direta e determinada da presidente”, avaliou.

Vanderlei Macris (SP) apontou os malefícios do uso abusivo de álcool em relatório da comissão especial que analisou o tema. De acordo com o texto, o consumo da substância no Brasil é excessivo. O tucano apresentou projeto de lei para restringir a propaganda e a comercialização em postos de combustíveis e lojas de conveniência. Segundo ele, o Congresso deu “um péssimo exemplo ao liberar o álcool nos estádios”.

Na opinião de Marcus Pestana (MG), o modelo adotado pela administração federal é um presidencialismo de cooptação — uma deturpação do conceito de coalizão. “A governabilidade é obtida pela gestão de verbas orçamentárias e cargos, com graves consequências em termos de eficiência. A negociação é feita no varejo, sem dimensão estratégica, sendo objeto da tensão permanente entre chantagem, concessões e impasses”, condenou.

De acordo com o tucano, esse cenário impediu o avanço das votações nas últimas semanas. “Uma presidente sem história, experiência e habilidade para liderar um projeto nacional. Uma base voraz, alimentada pelo fisiologismo e pelo patrimonialismo. Ministros aliados entregues às feras, enquanto ministros do PT são blindados. A hipocrisia de uma suposta faxina sobre a sujeira produzida em casa. Grosserias e indelicadezas como estilo de comando. Incapacidade para o diálogo e a negociação. Esse é o caldo de cultura sobre o qual se formou o clima no Congresso”, criticou.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Elyvio Blower)

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29 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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