Bônus contraditório

Alberto Mourão critica governo por inserir pagamento a ex-jogadores na Lei Geral da Copa

Em pronunciamento nesta quinta-feira (29), o deputado Alberto Mourão (SP) condenou a distribuição de dinheiro a ex-jogadores de futebol, como previsto no projeto da Lei Geral da Copa aprovado pela Câmara na quarta-feira (28). O texto destina R$ 100 mil para todos os jogadores e reservas que participaram das Copas de 58, 62 e 70. O benefício se estende aos familiares, caso o atleta não estiver vivo. O esportista que não tiver renda suficiente terá direito a receber 10 salários mínimos.

Para o tucano, não é possível admitir que o relator de um projeto ou de uma medida provisória apresente o parecer em plenário sem que os parlamentares tenham conhecimento da proposta. Segundo Mourão, os parlamentares precisam receber o relatório com um certo prazo para não votarem a lei cegamente. “Temos que ser legisladores responsáveis”, disse.

“Se olharmos o texto, não tem a fonte para pagar. Só diz que os ministérios da Previdência e do Esporte irão arcar com essas despesas”, comentou. Ele lembra que, na votação do Sistema Nacional de Defesa Civil, os líderes do PT questionaram a origem dos recursos previstos. “O que mudou dias depois? Não mudou nada, a Constituição continua a mesma. Se não pode para um, não pode para outro projeto”, criticou.

O tucano citou ainda temas importantes para a sociedade que não são colocados em pauta, como a reforma tributária, saúde, transporte e segurança. “A reforma tributária vai permitir acabar com a guerra fiscal e desonerar a folha de pagamento. Vai tornar o país competitivo no mercado internacional”, afirmou. Mourão condenou a perda de tempo que houve na discussão da Lei Geral da Copa, enquanto outros assuntos ficaram esquecidos.

Ele destacou ainda a necessidade de melhorar a remuneração do Programa Saúde da Família. Segundo ele, os recursos repassados pela União não são suficientes para que as prefeituras paguem médicos, enfermeiros e agentes de saúde. “Hoje, quem fica com o ônus da saúde são os municípios. Precisamos melhorar a saúde, mas parece que resolvemos, aprovando a Lei Geral da Copa, melhorar a saúde de algumas pessoas, e não efetivamente da sociedade”, completou.

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Saulo Cruz/Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)