Blindagem petista


Macris critica rejeição de pedido de audiência com presidente da Petrobras

Sob protestos da oposição, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle rejeitou nesta quarta-feira (28) o requerimento do deputado Vanderlei Macris (SP) que pedia a realização de audiência pública para discutir possível uso de recursos da Petrobras em campanhas do PT na Bahia. Para proteger a presidente da estatal, Graça Foster, e o ex-presidente Sérgio Gabrielli e impedir que participassem de reunião para explicar denúncias publicadas pela revista “IstoÉ”, os parlamentares governistas votaram contra o pedido do tucano.

“Fico indignado de ver como se comporta a base do governo por não querer esclarecer uma denúncia que o próprio governo fez. Trata-se de dinheiro público e essa comissão simplesmente lava as mãos”, condenou Macris, após a votação.

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De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), órgão que fiscaliza as verbas federais, não há comprovação de gastos de mais de R$ 2,2 milhões repassados pela Petrobras à ONG Pangea. A instituição recebeu, ao todo, R$ 7,7 milhões para dar assistência e organizar catadores de lixo em dez municípios baianos. A suspeita é de que o dinheiro, sem destino comprovado, tenha sido usado como caixa dois da campanha petista. Reforçam as suspeitas alguns indícios, como um cheque de R$ 25 mil que foi parar nas mãos do irmão e tesoureiro de um candidato petista à prefeitura de uma cidade do interior à época, em 2004.

Além deste caso, Macris queria explicações sobre a demissão do ex-gerente de comunicação da área de Abastecimento da Petrobras Geovane de Morais. Ele foi exonerado por justa causa em abril de 2009 por extrapolar o orçamento de sua gerência. Sem licitação ou autorização formal, gastou cinco vezes o previsto em 2008, ano de eleições municipais. Seu orçamento era de R$ 31 milhões e a despesa chegou a R$ 151 milhões. Houve pagamentos sequenciais e sem o amparo legal de contratos. Entre as empresas beneficiadas estavam duas produtoras de vídeo baianas que trabalharam para a campanha do governador Jaques Wagner, integrante do mesmo grupo político que ele, e para duas prefeituras petistas.

Passados quase três anos, a demissão nunca foi efetivada e Morais continua recebendo todo mês o mesmo que ganhava como funcionário de carreira. A despesa é bancada pela Petrobras e pela Previdência Social (auxílio-doença). Segundo a estatal, a demissão não foi efetivada porque o ex-gerente permanece de licença médica. “Não pode o Congresso Nacional, por meio dessa comissão, fechar os olhos para uma denúncia dessa natureza”, lamentou Macris. “Essa é apenas a ponta de um iceberg e a Petrobras precisa e deve trazer uma explicação a esta Casa”, completou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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28 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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