Risco aos torcedores
Jogar para os estados a responsabilidade sobre venda de álcool na Copa é covardia da gestão petista
Transferir a responsabilidade sobre a liberação da venda de bebidas durante a Copa do Mundo de 2014 para os estados é um ato de covardia do governo federal, na avaliação de deputados do PSDB. Os parlamentares criticaram a retirada da permissão explícita do projeto de Lei Geral da Copa, fruto de acordo entre os líderes dos partidos aliados. Dessa forma, a redação original do Executivo seria retomada e a restrição imposta pelo Estatuto do Torcedor, suspensa.
Com a mudança, a comercialização estaria liberada em âmbito federal, mas proibida nos estados que possuem legislação própria. Para o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), o Planalto não tem coragem de decidir. “Que possamos ter uma posição clara por parte do governo sobre o que ele quer, e não jogar responsabilidade nos governadores”, afirmou.
baixe aqui
O líder da Minoria na Casa, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), considera a medida um “retrocesso brutal”. “Passar essa decisão para os 12 governadores dos estados que vão sediar jogos é um ato de covardia, uma omissão que não se pode admitir”, criticou. “Quando se retira esse dispositivo, não é só para a Copa. Estão retirando para sempre, para todos os jogos. É uma liberação geral.”
A bancada do PSDB protestou em plenário. Os parlamentares levaram ao local uma faixa com os dizeres: “Não à venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol”. Os líderes apresentaram dados de diversas pesquisas que relacionam a ingestão da substância com a violência.
Araújo classificou de “farsa” o acordo entre o Executivo federal e a Fifa. O documento assinado em 2007 pelo ex-presidente Lula previa o consumo nos estádios. “Agora, dá para entender o vai e vem do governo, o porquê de o PT dizer que não fazia restrições à bebida, e depois passou a fazer. Ninguém sabe o que o Partido dos Trabalhadores quer em relação a essa matéria”, apontou.
Na avaliação do tucano, a autorização prejudica anos de trabalho para diminuir a violência nas partidas. Na opinião do líder, o tema não deveria ser tratado como uma questão de governo ou oposição, mas sim, de interesse nacional, cujo objetivo é garantir “a segurança da família e dos brasileiros nos estádios”.
Segundo Vanderlei Macris (SP), a posição do Planalto não é clara. “Ao longo das últimas semanas, o governo titubeou. Até mesmo o relator do projeto tem reconhecido as dificuldades em tratar do assunto.”
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
Deixe uma resposta