Sem transparência

Proposta do Planalto de reduzir ganho da poupança prejudica os pequenos aplicadores, alertam deputados

Na opinião dos deputados Domingos Sávio (MG) e Alfredo Kaefer (PR), a intenção do governo federal de reduzir o rendimento da poupança prejudica especialmente os pequenos aplicadores, como aposentados e famílias de baixa renda. Segundo o jornal “O Globo”, a presidente Dilma já tem pronta uma medida provisória que muda a remuneração da caderneta, fazendo com que ela varie de acordo com a flutuação da taxa básica de juros da economia, a Selic.

Para os tucanos, o governo mostra que não tem nenhum compromisso com o cidadão mais pobre que investe o seu dinheiro. Eles condenam ainda a nebulosidade do processo. Para Sávio, a gestão petista peca com a falta de transparência. “O governo não mostra respeito, e pior, não dá publicidade nem transparência para essa mudança, como seria a sua obrigação”, disse.

Atualmente, quem aplica na poupança tem assegurado o ganho da Taxa Referencial (TR) mais 6% ao ano, o que dá cerca de 0,6% ao mês. Com a MP, a remuneração seria variável, com teto de 0,6% ao mês. Ou seja, quando os juros caírem, o ganho do cidadão também diminui, chegando a 0,23% ao mês.

Domingos Sávio acredita que se o Executivo reduzir os rendimentos da poupança, atingirá principalmente a população mais pobre do país. “Ele prejudica o pequeno poupador, o aposentado, o pai de família que deixa as suas economias para uma emergência na poupança”, afirmou.

Kaefer ressalta que o Planalto dará um tiro no pé caso encaminhe a MP ao Congresso. “Devem pensar duas vezes antes de tomar qualquer atitude com relação à população. As regras têm sempre que ser colocadas com bastante antecipação. E há uma regra implícita, que o poupador sabe qual é. Já vem de muito tempo e não deve ser modificada”, argumentou.

De acordo com parlamentar, se o ganho da poupança for menor, o cidadão perde uma maneira segura de manter suas economias, já que não há riscos nesse tipo de aplicação. “Se você diminuir a remuneração sem ter efetivamente uma redução na taxa da inflação, vai ter uma fuga da poupança e isso é extremamente prejudicial”, alertou.

(Reportagem: Artur Filho/ Fotos: Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)