Sinal amarelo


Potencial de crescimento da economia brasileira parece estar comprometido, alerta ITV

Pelas características que a economia nacional vem adquirindo, nosso potencial de crescimento parece estar ficando significativamente comprometido. “O país não apenas avança menos, como aparenta estar também murchando. Sem reformas estruturais, os limites para nossa expansão estão se estreitando. Sem uma política consistente, eficiente e rigorosa, a economia brasileira estará restrita ao cercadinho ao qual o PT a confinou”, alertra Carta de Formulação e Mobilização Política desta quarta-feira (7). Leia abaixo a íntegra do documento editado pelo Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos políticos do PSDB.

O Brasil cresceu muito pouco em 2011, mas a pior notícia dos resultados divulgados ontem pelo IBGE pode não ser só esta. Pelas características que a economia nacional vem adquirindo, também o nosso potencial de crescimento parece estar significativamente comprometido. O país não apenas avança menos, como aparenta estar também murchando.

2011 terminou com expansão medíocre do PIB, mas também com inflação ainda muito alta, no limite da meta (6,5%). Trata-se de uma combinação letal, que ressalta quão mal o país se saiu no ano passado e quão ineficazes foram as políticas do governo federal para assegurar o desenvolvimento.

As medidas adotadas no primeiro ano da gestão Dilma Rousseff foram eficientes para esfriar a economia e evitar o mal maior: a explosão dos preços. Mas não passaram nem perto de prover melhores condições para que o país cresça de forma sustentável e duradoura. Restringiram-se ao curto prazo.

Sem reformas efetivas na estrutura produtiva, que o PT jamais ousou fazer, os limites para nosso crescimento – que os economistas gostam de chamar de “PIB potencial” – estão se estreitando.

“Nosso crescimento potencial está chegando mais perto dos 4% do que dos 4,5%. Não digo que já esteja em 4%, mas, se o governo não induzir um pouco de melhoria na eficiência da economia, chegará por aí”, analisa o economista Affonso Celso Pastore em O Estado de S.Paulo.

Nestes nove anos de governo do PT, faltou ousadia para domar o câmbio, reduzir os juros e a tributação, melhorar a qualidade da política fiscal, retirar distorções do mercado de trabalho, diminuir custos e aperfeiçoar a infraestrutura logística. Em 2011 não foi diferente.

“O governo se limitou a apagar incêndios anunciando medidas de proteção para setores industriais, reduções de impostos também setoriais, e o BNDES sendo mais generoso com as empresas escolhidas. Diziam estar fazendo política industrial, mas não fizeram nada de realmente duradouro e de impacto”, comenta Miriam Leitão n’O Globo.

Embora o Pibinho de 2011 tenha sido suficiente para nos tornar a sexta maior economia do mundo, o desempenho da economia brasileira esteve abaixo da média mundial (3,8%), dos países emergentes (6,2%) e da América Latina (4,6%).

O país também foi o que pior se saiu entre os Brics (a Rússia ainda não divulgou seus resultados de 2011): perdemos para a China, com seus exuberantes 9,2%; para os 6,9% da Índia e para os 3,1% da África do Sul. Considerando apenas o resultado do último trimestre (alta de 1,4%), o Brasil fica em 28° lugar entre as 46 economias que já divulgaram seus resultados.

Os motores do crescimento estão esfriando. Novamente, o consumo das famílias sustentou o PIB. Foi o oitavo ano seguido de alta, mas a menor desde 2004. Na comparação com 2010, o ritmo caiu de 6,9% para 4,1%. O consumo foi ruim, mas ainda assim bem melhor do que os investimentos, cuja expansão despencou de 21,3% para 4,7% no ano passado.

A maior fraqueza está na indústria. Já são nove meses – ou três trimestres consecutivos, na ótica das contas nacionais – de queda. “Tal fato não era visto desde o racionamento de energia em 2001. Nem na crise de 2008 e 2009 isso ocorreu”, ressalta a Folha de S.Paulo.

O segmento industrial mais expressivo, o de transformação, ainda está no mesmo nível de produção do terceiro trimestre de 2007. O governo, contudo, tem se limitado a medidas de caráter pontual, beneficiando setores específicos em detrimento de uma política mais ampla de efeitos mais perenes. Se insistir em prescindir da indústria, o país terá, em troca, crescimentos pífios.

Neste ano, dificilmente o PIB vai reagir como precisaria: para superar 3%, terá de avançar mais de 1% por trimestre – em dezembro estávamos crescendo 0,3% frente aos três meses anteriores. O ministro da Fazenda, porém, voltou a prever algo entre 4% e 4,5%, ao mesmo tempo em que considerou “satisfatório” o Pibinho de 2011.

O risco é o governo apelar para a imprudência, no afã de produzir crescimento ilusório e insustentável, como foi o caso de 2010. Gastar mais pode ser uma perigosa tentação que precisa ser afastada. O que falta é uma política consistente, eficiente e rigorosa. Sem isso, a economia brasileira estará limitada ao cercadinho ao qual o PT a confinou.

(Fonte: ITV)

Compartilhe:
7 março, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *