Mundial em risco
Deputados cobram atitude do governo para gerir conflito com a Fifa e acelerar obras da Copa
A lavagem de roupa suja entre a Fifa e o governo federal evidenciou os atrasos nos preparativos para a Copa de 2014 e a incompetência do Planalto no planejamento do evento esportivo. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (5) pelos deputados Otavio Leite (RJ) e Nilson Leitão (MT). Apesar de reprovarem a forma como o secretário-geral da entidade se referiu aos problemas, os tucanos apontaram falhas na organização do mundial.
Na última sexta-feira (2), Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa e interlocutor da federação no país, disse que o Brasil precisaria receber “um pontapé no traseiro” para acelerar os preparativos. O ministro do Esporte, Aldo Rabelo, reagiu e afirmou que o governo não quer mais o francês como mediador. Marco Aurélio Garcia, assessor especial do Planalto, foi mais longe: chamou o estrangeiro de vagabundo e boquirroto. Segundo ele, o Brasil tem ritmo próprio e entregará tudo em tempo.
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Para Otavio Leite, que tem acompanhado a questão desde o início, é lamentável o estágio atual da preparação para a Copa. “Isso tudo revela a ausência de capacidade política do governo na relação com a Fifa. Eles não se entendem e essa confusão só atrapalha a organização do evento. É uma roupa suja sendo lavada coletivamente”, comentou.
O tucano acredita que a radicalização na relação entre o Executivo e a entidade internacional gera uma possibilidade de ruptura na decisão de o Brasil sediar a Copa. “É fundamental que o governo tenha a capacidade de ultrapassar o problema, mas o que observamos é o contrário: impasses cada vez maiores, provocados pela incompetência para adotar procedimentos que deem tranquilidade à Fifa, já que se trata de um certame complexo”, destacou.
Na opinião de Nilson Leitão, ninguém de fora teria o direito de criticar o país em relação a um assunto tão importante. Mas, segundo ele, a Fifa tem demonstrado preocupação diante dos fatos. “Efetivamente a Copa está atrasadíssima e mal gerida”, ressaltou. “Em um ponto a Fifa tem razão: tudo está atrasado. Precisava desse puxão de orelha e com certeza ele vai ter um bom resultado: o governo agora deve se mexer. E não basta isso, deve ser de forma transparente, com lisura e cuidado com o dinheiro público”, cobrou.
Os deputados acreditam que os atrasos nas obras de mobilidade urbana, a péssima situação dos aeroportos e a deficiência na rede hoteleira são alguns dos motivos que motivaram a declaração. “A crítica veio de forma desrespeitosa ao país, mas veio num momento em que a organização do evento não está sendo levada a sério”.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)
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