Guerra por cargos

Governo deve explicações sobre disputa por poder no Banco do Brasil, avalia Palmeira

O PSDB quer explicações sobre a disputa política pelo comando do Banco do Brasil, que deflagrou uma crise na instituição. Reportagens do jornal “Folha de S.Paulo” mostram uma verdadeira guerra entre facções petistas pela presidência do banco e de seu fundo de pensões, a Previ. O partido pretende ouvir de Aldemir Bendine, presidente do BB, esclarecimentos sobre o caso, que envolve ainda Ricardo Flores, presidente do fundo. O deputado Rui Palmeira (AL) acredita que os grupos não estão preocupados com o interesse público, mas com o poder.

Na edição de hoje, a Folha revela que depósitos suspeitos foram feitos em 2011 na conta de Allan Tolledo enquanto ele ocupava uma diretoria do BB. Os valores chegam a R$ 953 mil. Eles teriam sido feitos por uma aposentada, que recebeu a quantia de um empresário, sócio do dono do frigorífico Marfrig. Há indícios de uma mera triangulação, como afirma hoje o Instituto Teotônio Vilela (ITV), pois o dinheiro teria vindo da venda de um imóvel que continua habitado e em nome dos antigos proprietários.

“Infelizmente, trata-se de mais uma grave denúncia de corrupção contra o governo e agora no seio da maior instituição financeira do país. É lamentável e mostra uma disputa fratricida entre grupos políticos instalados no banco. A briga é simplesmente por poder e dinheiro e o governo precisa dar explicações o mais rápido possível”, afirmou Palmeira. Na avaliação do tucano, a vontade por gerir uma enorme quantidade de dinheiro fala mais alto entre os grupos que travam a troca de acusações.

Uma sindicância interna foi aberta para apurar o caso e a Polícia Federal foi informada. A investigação teve início depois da demissão de Toledo e originou-se de relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda.

O lucro do BB em 2011 foi de R$ 12,1 bilhões. O banco pode ser o primeiro do país a dispor de R$ 1 trilhão em ativos. Já a Previ é uma das principais investidoras nacionais. Seu patrimônio é de R$ 152 bilhões. “O presidente do Banco do Brasil tem o dever de comparecer ao Congresso e prestar os esclarecimentos, se é que é possível esclarecer uma operação tão estranha. Tanto ele quanto alguns diretores devem se explicar publicamente”, cobrou Palmeira.

No último domingo (26), o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), anunciou que o partido apresentará convite para o presidente do Banco do Brasil. Segundo ele, em dezembro foi aprovado requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle para Bendine participar de audiência pública sobre os procedimentos adotados para a aquisição do Banco Postal.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Brizza Cavalcante/Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)