Faxina de fachada


Dilma joga sujeira para debaixo do tapete ao preservar indicados políticos no segundo escalão

Os deputados Vaz de Lima (SP) e Wandenkolk Gonçalves (PA) afirmam que a presidente Dilma promove uma faxina de fachada, apesar de ter prometido acabar com os desvios em seu governo. A crítica é baseada em levantamento do “Correio Braziliense”. Como mostra a reportagem, das 43 cadeiras que compõem o segundo escalão dos sete ministérios que tiveram seus titulares demitidos sob suspeita de corrupção, 22 continuam ocupadas pelos mesmos titulares. Para os tucanos, Dilma nunca teve a intenção de combater as fraudes.

“O PSDB já vem alertando há um tempo: a  presidente nunca teve intenção de fazer a limpeza. Tudo foi a reboque da imprensa e da oposição. Quem quer acabar com as irregularidades, não esconde nada debaixo do tapete. Não adianta trocar o titular e deixar todos os que operam no sistema. Espero que a petista tome uma atitude”, ressaltou Vaz de Lima nesta segunda-feira (27).

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No Ministério do Trabalho, nada mudou quase três meses após a saída de Carlos Lupi. A chefia de gabinete e cinco secretarias permanecem sob o comando de pessoas de confiança do ex-ministro. Com exceção do secretário de Economia Solidária, Paul Israel Singer, do PT, todos foram nomeados por Lupi. Do grupo, a única sem coloração partidária é a secretária de Inspeção do Trabalho, a funcionária de carreira fiscal Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque. Paulo Roberto Pinto é quem responde atualmente pela pasta.

O tucano considera lamentável o fato de os cargos serem preenchidos por indicação política, sem levar em conta o critério técnico. “O país está sendo tocado a solavancos. O Brasil foi repartido como capitanias hereditárias aos partidos aliados. Com isso, a nação vai sofrendo com a gestão”, condenou. Sobre uma possível reforma ministerial, Vaz de Lima disparou: “A presidente é politicamente fraca, não tem condições de fazer isso”.

Wandenkolk diz que Dilma está refém da sua base. “Essa administração que estamos vivenciando compactua com a corrupção. A permanência de pessoas envolvidas em escândalos é a prova cabal de que o governo não tem moral para exonerá- los, pois todos compõem o mesmo esquema”, apontou.

Na visão do parlamentar, a petista não faz nem o básico. “A presidente não demonstra ser uma boa dona de casa. As demissões ocorreram com provas de malversação de recursos públicos. E ali começou a pseudofaxina. Ao invés de Dilma – que se diz durona, ética e proba – demitir imediatamente, esperou todos entregarem os cargos.”

Péssima gestora

→ Nos sete ministérios que tiveram seus titulares trocados após denúncias de corrupção, 84% dos cargos de segundo escalão permaneceram ocupados pelas mesmas pessoas ou sob domínio dos partidos aliados ao governo. Na prática, as mudanças se resumiram à nomeação de cinco pessoas com perfil técnico, o que representa 12% dos cargos de segundo escalão.

→ No Ministério do Turismo, a Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo foi ocupada por Fabio Rios Mota, indicado pelo antigo secretário, Colbert Martins, preso na operação da Polícia Federal que desmanchou a cúpula da pasta.

→ No Ministério das Cidades, o pouco tempo do ministro Aguinaldo Ribeiro — assumiu há menos de um mês — é o álibi da pasta para justificar a manutenção do feudo do PP. Cinco dos sete cargos de segundo escalão seguem intactos, enquanto a secretaria-executiva e a chefia de gabinete estão vagas desde a saída de Mário Negromonte.

Números estarrecedores

43 cargos de segundo escalão em sete ministérios:
Mantidos no cargo: 22
Só trocaram de cargo: 6
Novas indicações da base aliada: 8
Novas indicações técnicas: 5
Cargos vagos: 2

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: José Cruz/AgênciaBrasil/ Áudio: Elyvio Blower)

 

 

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27 fevereiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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