Competição patética

Para líder da Minoria, PT perde tempo ao provocar tucanos e tentar esconder privatização

O líder da Minoria na Câmara, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), rebateu a provocação do PT de que os tucanos usam de “má-fé” quando apontam semelhanças entre os governos Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff na questão das privatizações. A resolução política do partido petista, divulgada nessa quinta-feira (16), cita “diferenças estruturais” entre as gestões. O documento afirma que o leilão dos aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas não se trata de privatização, mas de concessão.

Na opinião do parlamentar, a definição de conceitos é perda de tempo. “O PT sabe muito bem que o que está ocorrendo é um processo de desestatização. Dizer se é concessão ou privatização é uma grande bobagem e uma perda de tempo. Se é uma concessão ou uma privatização, isso é irrelevante. É privatização sim. Não importa o detalhe”, declarou nesta sexta-feira (17).

Trecho da resolução destaca que “entre as concessões do atual governo e a privataria tucana não existe nada em comum”. “Na era tucana, empresas públicas, como a Vale do Rio Doce e tantas outras, foram vendidas a preços irrisórios mediante processos questionáveis. No caso atual, a operação de alguns aeroportos está sendo concedida, com toda transparência, por 20 ou 30 anos, ficando o poder público como sócio da nova empresa operadora, através dos 49% do capital da Infraero”, ressalta o documento.

O líder da Minoria considera o debate do papel do Estado na economia e na vida do cidadão muito útil. Segundo ele, a população deve estar atenta à discussão. Para Mendes Thame, no entanto, a competição criada pelo Partido dos Trabalhadores é patética. “É cômico ver o PT competindo conosco. Durante anos ouvimos o PT demonizando as privatizações, agora a guinada é tão forte que eles querem dizer que privatizam sim, que são favoráveis à privatização e mais ainda, que sabem privatizar melhor do que nós. É no mínimo patético”, afirmou.

Em relação à mineradora Vale, Mendes Thame destacou em plenário, nesta semana, o papel da privatização para o sucesso internacional da empresa. Da tribuna, o tucano resgatou o discurso de 2009 do deputado José Guimarães (CE) elogiando o processo de transferência da companhia à iniciativa privada durante o governo FHC.

Já o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), propôs ao PT uma discussão pública sobre o tema. O tucano quer debater o processo de privatização que levou o Brasil ao desenvolvimento. Além do crescimento da Vale, ele citou a transferência ao setor privado das telecomunicações, que permitiu a expansão dos telefones celulares – de 800 mil para 242,2 milhões de linhas no fim de 2011.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Leonardo Prado/Ag. Câmara/Áudio: Elyvio Blower)