Patrimônio suspeito


Comissão de Ética atende pedido do PSDB e investiga consultorias milionárias de Pimentel

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República aceitou denúncia do PSDB e decidiu investigar o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, por consultorias suspeitas. O petista faturou pelo menos R$ 2 milhões depois que deixou a prefeitura de Belo Horizonte, até assumir o cargo no governo Dilma Rousseff. Parlamentares tucanos comemoraram a decisão, mas voltaram a cobrar o depoimento do titular no Congresso.

O presidente nacional do partido, Sérgio Guerra (PE), comentou no Twitter a abertura da apuração. “Apesar de a presidente achar que seu ministro e amigo não deve explicações, a Comissão de Ética pensa o contrário. Pimentel ganhou R$ 2 milhões de forma misteriosa e, apesar dos apelos do PSDB, o PT recusou sua ida ao Congresso”, afirmou. O tucano disse ainda que os escândalos de consultorias milionárias viraram rotina na gestão do PT. “Qualquer semelhança com o Palocci não é coincidência”, destacou.

Play
baixe aqui

Logo no início do governo Dilma, o então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, deixou o cargo por não ter conseguido explicar o significativo aumento patrimonial no período em que foi deputado federal (2006/2010). Segundo o jornal “O Globo”, o mesmo conselheiro que cuidará do caso de Pimentel, Fábio Coutinho, já relata o procedimento contra Palocci. Na segunda-feira (13), a comissão decidiu fazer diligências e pedir mais informações a Palocci.

Para o deputado Vaz de Lima (SP), a decisão do colegiado foi tardia, porém importante. “A medida vem, tardiamente, mas vem. Pelo menos vamos ter a oportunidade de ver um órgão do governo, ainda que vinculado à Presidência, analisar os fatos denunciados pelo PSDB no ano passado”, disse.

O tucano afirma que a oposição continuará atenta e irá acompanhar os desdobramentos. “Ficaremos vigilantes para que o caso não caia no esquecimento e que o ministro tenha oportunidade de ir a público. Mas, se os negócios eram irregulares, que ele tenha a punição devida”. Para o deputado, o tratamento dispensado pelo Planalto em relação a ministros envolvidos em denúncias é diferente. No caso de Pimentel, Vaz de Lima acredita que prevaleceu a relação pessoal com a presidente.

Duarte Nogueira (SP) também considerou positiva a decisão da Comissão de Ética. “Foi uma notícia muito boa. Vamos agora aguardar o parecer do relator do caso. E o ministro tem o que explicar”, completou. O tucano assinou, junto com o senador Álvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado, o pedido de investigação contra Pimentel.

De acordo com “O Globo”, dos R$ 2 milhões faturados pelo ministro, metade foi paga pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) por serviços na elaboração de projetos na área tributária e palestras. Segundo o jornal, as palestras nunca ocorreram. Os pagamentos também ocorreram no período em que Pimentel atuou como um dos coordenadores da campanha eleitoral da presidente.

Quebra de decoro

-> O pedido de investigação apresentado pelo PSDB também foi feito ao Ministério Público Federal. As petições foram assinadas depois das denúncias veiculadas pelo jornal. Na representação à Comissão de Ética, o partido pediu a avaliação da conduta do ministro “em razão da possível prática de ato atentatório contra os princípios éticos que norteiam as atividades dos órgãos superiores da Presidência da República e a quebra de decoro por parte do representado”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr/ Áudio: Elyvio Blower)

Compartilhe:
14 fevereiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *