Incompetência


Constrangido, governo petista faz cópia malfeita de privatizações e amarga resultados insatisfatórios

Apesar de ter aderido às privatizações, o governo do PT fez uma cópia malfeita de uma mecanismo importante para o país e já se depara com resultados negativos. No caso dos aeroportos, há um temor de que as empresas vencedoras não consigam cumprir o contrato. Nas estradas, rodovias leiloadas na gestão Lula não receberam as melhorias previstas. Além disso, o partido tenta convencer a população de que concessão não é privatização.

Reportagem da “Folha de S.Paulo” mostra que a presidente Dilma está insatisfeita com o perfil dos consórcios vencedores do leilão dos três maiores terminais do país. Para o deputado Otavio Leite (RJ), se houvesse mais rigor no edital, o governo não passaria por esse constrangimento.

Segundo o tucano, o processo de concessão implica na necessidade de os grupos vencedores serem robustos, já que é imprescindível o aporte de recursos para construir terminais, recuperar pátios e expandir a capacidade de atender a demanda. Para ele, chama atenção o fato de a própria presidente suspeitar da solidez dos consórcios.

Play
baixe aqui

“Por que não se estabeleceu um edital mais rígido em relação ao potencial econômico de cada consórcio?”, questionou. “Isso mostra a fragilidade do processo”, completou. Otavio Leite lamentou o atraso do governo em realizar a privatização. “Demorou a fazer. E, quando começa, a sociedade já se depara com suspeitas de um processo que todos esperam que seja bem feito. É mais uma preocupação proveniente da incompetência do PT”.

Nas estradas, o problema se repete. O modelo petista de privatização baseado em pedágios irrisórios se mostrou pior para o motorista, pois vários investimentos não foram feitos. “O Estado de S. Paulo” mostrou que, quatro anos após o leilão de sete rodovias federais, realizado em outubro de 2007, as grandes obras previstas nos contratos continuavam no papel. Parte dos projetos foi prorrogada para 2015. Outros ainda não têm previsão de início ou término das obras.

Otavio Leite citou a BR 101, no Rio de Janeiro, como exemplo de um sistema equivocado. Segundo ele, no trecho que vai para Campos, a concessão abrangeu apenas a conservação da pista, quando seria necessária a duplicação. “Para dizer que é mais barato, o governo não resolve o problema. Resultado: os índices de acidentes continuam altos e o engarrafamento atravanca o ir e vir das pessoas, que pagam pedágio e os serviços não melhoram”, lamentou.

Desde 2007 até o ano passado, os pedágios subiram de 22% a 39%, de acordo com o Instituto Teotônio Vilela (ITV). O parlamentar considera lamentável que a população tenha que arcar com o custo sem uma ampliação dos serviços. “É preciso desenvolver, mas o governo está mais preocupado em jogar para a plateia”, concluiu.

Empresas sem tradição

Segundo a “Folha”, a presidente queria que os consórcios vitoriosos incluíssem pesos pesados da administração aeroportuária internacional, para trazer experiência e repassá-la à Infraero, estatal sócia dos terminais.

A concorrência, porém, acabou sendo levada por empresas de médio porte de países emergentes. O resultado esfriou a comemoração no Planalto em torno do valor obtido pela concessão -R$ 24,5 bilhões, 347% acima do esperado. Internamente, o clima pós-leilão é de autocrítica e cobrança sobre pontos dos editais que deram espaço para empresas sem tanta tradição.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Beto Oliveira/Ag. Câmara/Áudio: Elyvio Blower)

Compartilhe:
13 fevereiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *