Contratos sob suspeita

Para líder, convênios irregulares com ONGs ultrapassam os R$ 755 milhões admitidos pelo governo

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), afirmou nessa quinta-feira (9) que a quantidade de recursos públicos desviados em convênios do governo federal com ONGs pode ser bem maior do que os R$ 755 milhões já constatados pela Controladoria-Geral da União (CGU). O órgão deu prazo de dez dias úteis para que os ministérios enviem informações sobre as entidades responsáveis pelos 305 convênios sob suspeita. As organizações serão incluídas na lista de devedores da CGU no próximo dia 27.

Araújo avalia que a alta quantidade de verbas desviadas se deve a um elevado número de organizações que trabalham para atender os interesses de grupos políticos. “Essas irregularidades provavelmente vão ser identificadas nas entidades que têm o objetivo de atender a políticos”, apontou. Em sua avaliação, o prejuízo é maior que o já calculado. “O tamanho do prejuízo para a sociedade é muito maior do que o governo diz”, afirmou.

A varredura feita pela CGU nos convênios foi determinada por decreto da presidente Dilma, editado no final de outubro, em resposta aos desvios constatados nas pastas do Turismo, Esporte e Trabalho e que levaram à demissão dos três titulares. A ação deveria resultar em uma lista com o nome de todas as instituições irregulares a ser entregue no último dia 29. Agora, os ministros têm até o final de fevereiro para concluir os trabalhos.

De acordo com o levantamento, o Ministério da Cultura reúne o maior número de convênios considerados irregulares. Estão sob a análise da pasta 69 do total de 305 contratos que ainda não obtiveram aval e teriam dinheiro a receber. O Ministério das Cidades vem em seguida, com 53 parcerias que poderão ser rompidas.

(Reportagem: Djan Moreno/ Vídeo: Hélio Ricardo/ Áudio: Elyvio Blower)