Ferrovia parada


Presidente cancelou visita aos canteiros da Transnordestina para não passar vergonha

Para evitar um novo constrangimento, a presidente Dilma cancelou a visita que faria às obras da ferrovia Transnordestina no Ceará, nesta quinta-feira (9). Na avaliação dos deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Rogério Marinho (RN), a decisão foi acertada, pois a petista passaria vergonha no local. O trecho que passa pela cidade de Missão Velha (CE) está abandonado, a exemplo da transposição do rio São Francisco no estado.

Os parlamentares acreditam que a situação exemplifica o descaso e a dificuldade gerencial do governo federal. Segundo “O Estado de S. Paulo”, o palco da festa para receber a presidente já havia sido montado num ponto em que a construção está paralisada. Dos 813 funcionários contratados, só restam 190 no local. Como destacou hoje o Instituto Teotônio Vilela (ITV), os problemas na ferrovia são semelhantes aos da transposição: andamento moroso, orçamento galopante, dinheiro público mal aproveitado e cronograma desrespeitado. O instituto destaca que os empreendimentos foram apresentados “em cores vistosas” na propaganda eleitoral da petista, mas a realidade é outra.

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De acordo com Gomes de Matos, a construção da ferrovia está parada por falta de decisão política e de acompanhamento. “Ela fez bem em cancelar a visita porque não poderia ver uma coisa que não existe”, apontou. Para o tucano, o PT usou as obras no Nordeste para ganhar votos em 2010, mas não mostrou à sociedade a verdadeira situação dos projetos. “O presidente Lula jogava para a plateia. Mentia para a população porque lhe faltava capacidade de gestão. Ele simplesmente deixou uma herança maldita para sua sucessora, que agora está em maus lençóis”, disse.

Incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em janeiro de 2007, as obras da Transnordestina eram orçadas em R$ 4,6 bilhões. A conclusão foi prevista para 2010, mas só um décimo dos 1.728 quilômetros está pronto. Os custos já foram elevados duas vezes e devem ficar 46% mais caros. No ano passado, nenhum centavo dos R$ 8,5 milhões disponíveis para desapropriação de áreas para a construção da ferrovia foi pago. O mesmo ocorreu com os R$ 42,3 milhões autorizados, que caíram para R$ 12,3 e não foram executados.

“O que existe é muita mídia e propaganda, mas pouca execução das obras estruturantes que o país precisa. O tal do PAC é tão propalado, mas revela um verdadeiro fracasso gerencial”, criticou Marinho. Em sua avaliação, a presidente deveria explicar aos nordestinos porque cancelou a visita à Missão Velha. “Certamente ela irá explicar a que se deve o cancelamento, mas acreditamos que seja pelo fato de não ter o que apresentar à população, já que nada saiu do papel”, completou.

Metas fracas

A visita de Dilma a outros trechos da Transnordestina em cidades pernambucanas foi mantida como compromisso oficial de sua agenda. Ontem, durante a constatação do atraso nas obras da transposição, a presidente afirmou que irá, só agora, cobrar metas e resultados.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)

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9 fevereiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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