Dados ocultos

Governo precisa explicar indicação de ministro sob suspeita para Cidades, destaca líder

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), afirmou que o governo tinha todas as informações sobre os candidatos ao comando do Ministério das Cidades, mas optou por alguém que já assume sob suspeita. O novo titular da pasta, Aguinaldo Ribeiro, é alvo de denúncias, assim como seu antecessor, Mário Negromonte. Empossado na segunda-feira (6), Ribeiro é acusado de ter ocultado da Justiça Eleitoral a posse de quatro empresas. De acordo com a “Folha de S.Paulo”, duas das companhias atuam na construção civil e na incorporação de imóveis, atividades ligadas ao ministério.

O político é dono de duas rádios registradas em nome de um ex-contador e de um assessor pessoal. O patrimônio dele aumentou em mais de duas vezes entre 2006, quando era deputado estadual na Paraíba, e 2010, ano em que foi eleito para o primeiro mandato na Câmara, segundo o “Correio Braziliense”.

Para Araújo, o governo deveria ter investigado a ficha do indicado antes de nomeá-lo. “O Palácio do Planalto precisa explicar ao país o motivo de formalizar o convite mesmo sabendo de todas as informações. As opções que a presidente tem feito não têm sido as melhores”, cobrou em entrevista ao “Jornal da Band”. “Diante disso, sucessivos escândalos tomam conta do noticiário”, completou.

O Ministério das Cidades é responsável pelo programa Minha Casa, Minha Vida, pela prevenção de desastres naturais e por vários projetos da Copa do Mundo de 2014. No entanto, apenas 10% dos R$ 22 bilhões autorizados foram investidos no ano passado, o pior resultado da história.

Variação patrimonial

→ Na edição do fim de semana, a “Folha” afirmou que Aguinaldo Ribeiro é sócio de duas construtoras na Paraíba: a Avpar Participações e Rio Verde Properties – esta tem participação em uma terceira empresa, a Algarve Construções. Na declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral em 2010, nada disso aparece.

→ Segundo as declarações de bens entregues ao TSE, o futuro ministro teve uma variação patrimonial de 164,6%: o total de seus bens saltou de R$ 1.350.998,50 para R$ 3.575.093,38, segundo o “Correio”.

→ Como deputado, Ribeiro apresentou emendas ao orçamento de 2012. Três delas, no valor total de R$ 780 mil, foram destinadas para Campina Grande, onde a irmã do titular é pré-candidata à Prefeitura nas eleições deste ano, segundo o “Jornal da Band”.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Beto Oliveira/Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)