Obra parada

Vaz de Lima critica alta nos gastos da transposição do São Francisco por falta de planejamento

O deputado Vaz de Lima (SP) afirmou nesta quinta-feira (29) que a falta de planejamento e o descaso do governo federal com a transposição do rio São Francisco geram prejuízos aos cofres públicos e fazem com que a obra se arraste. Nesta semana, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, anunciou que irá refazer contratos, num valor total de R$ 1,2 bilhão, porque os consórcios precisariam receber até 60% de aditivos, bem acima dos 25% legais, para concluir as ações.

A situação do empreendimento é preocupante, como mostra o jornal “O Estado de S. Paulo”. A previsão dos gastos, que inicialmente era de R$ 5 bilhões, já saltou para R$ 6,9 bilhões e o Planalto não tem certeza de quanto custará o projeto. Quatro anos depois do início dos trabalhos, duas novas licitações são anunciadas para driblar os problemas com as empresas responsáveis por 12 lotes da obra, que o próprio ministro já admitiu possuir erros.

“Com toda a tecnologia que temos hoje e com tanta experiência internacional nesse tipo de empreendimento, não é razoável pensar que, pelo que já foi gasto, a obra ainda esteja nessa condição, quando já deveria estar beneficiando a população. Isso significa negligência administrativa, falta de planejamento e descaso com o dinheiro público”, criticou Vaz de Lima.

O deputado afirma que o país retrocede na fiscalização ao permitir que a transposição apresente sinais de irregularidades e desperdício de verbas. Segundo ele, será necessário aplicar muito mais dinheiro até que o projeto fique pronto, pois o governo federal iniciou as obras sem o planejamento adequado. Para ele, é preciso que haja punição para os responsáveis.

“Ou fazemos uma legislação mais forte, se é que ela já não existe, para punir com prisão os responsáveis por isso, ou não teremos conserto e o Brasil continuará atrasado nesta área de controle dos gastos públicos”, disse.

Estrutura precária

→ A transposição do São Francisco é a obra mais cara do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) bancada com dinheiro dos impostos. A obra começou em 2007 como um dos grandes projetos do então presidente Lula. A transposição desviará parte das águas do São Francisco por meio de mais de 600 quilômetros de canais de concreto para quatro estados: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

→ Depois de R$ 2,8 bilhões gastos, a transposição registra atualmente obras paralisadas, em ritmo lento, e até trechos onde os canais terão de ser refeitos, como é o caso de 214 metros em que as placas de concreto se soltaram por entupimento num bueiro de drenagem. Há estruturas de concreto completamente estouradas, vergalhões de aço abandonados, rachaduras em diversos trechos e canteiros de obras fantasmas.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Gustavo Lima/Ag. Câmara/ Áudio: Hélio Ricardo)