Pisando em ovos


Morosidade do governo na troca de acusados de corrupção impede reestruturação, condena Márcio Bittar

O Planalto não está disposto a mudar a direção de órgãos envolvidos em denúncias de corrupção, avalia o deputado Márcio Bittar (AC). O tucano destacou a morosidade do governo em substituir os titulares de ministérios e outras instituições com indícios de irregularidades. A gestão petista articula para trocar nomes no Departamento Nacional de Obras Contra Secas (Dnocs), como reconhecimento de que a autarquia se transformou em instrumento de desvios, mas atua com cautela para não melindrar a relação com o PMDB. O mesmo acontece no Ministério das Cidades, pasta em que Mário Negromonte, do PP, continua no cargo, apesar de série de acusações contra ele.

Para o tucano, o Executivo está refém da base aliada e adia as alterações necessárias. “O governo não pode se manter em troca de cargos públicos negociados. Essa é uma forma de comprar apoio, assim como foi o mensalão”, comparou.

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Bittar defende uma reestruturação completa.  “Estamos vendo uma prática completamente errada. Não é um cargo ou outro que a presidente tem que mudar, mas toda lógica do toma lá dá cá descarado. Para preservar a governabilidade e encobertar malfeitos, o Planalto loteou  ministérios de porteiras fechadas. Dentro das instituições, os partidos aliados formam feudos.”

No caso do Dnocs, o Planalto já avisou ao PMDB que o diretor-geral, Elias Fernandes Neto, será demitido. Ele é acusado de favorecer com verbas federais seu estado, o Rio Grande do Norte, e de desviar R$ 312 milhões. O vice-presidente Michel Temer negocia a troca para evitar uma crise. Elias é afilhado do líder do partido na Câmara, Henrique Alves (RN), que rejeita a substituição. Como mostra “O Globo”, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (acusado de direcionar verbas para Pernambuco), confirmou que mexerá em todas as diretorias do Dnocs, além da Codevasf e da Sudene, mas espera conversas com o PMDB.

Em relação à pasta das Cidades, a atitude mais séria tomada até agora foi a exoneração do chefe de gabinete e braço direito de Negromonte, Cássio Peixoto. Suspeito de envolvimento em fraude num parecer de obra da Copa do Mundo de 2014, Peixoto deixou o cargo na manhã desta quarta-feira (25). Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo”, a cúpula do PP negociou com um empresário de informática manobra que poderia evitar a fiscalização do dinheiro utilizado em projeto milionário da pasta. O ministro e seu secretário-executivo, Roberto Muniz, teriam participado das discussões.

Para Bittar, não existe um projeto para o desenvolvimento do país, mas sim para que os atuais governantes se perpetuem no poder.  “Por conta própria o governo petista não alterará essa situação. Ou muda nas eleições, com o PSDB voltando a administrar o país, ou sob uma pressão muito forte da opinião pública. A atual gestão não tem nenhuma vontade de fazer alguma grande reforma”, completou.

(Reportagem: Djan Moreno/  Foto: Beto Oliveira/Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)

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25 janeiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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