Benefícios barrados


União deveria fiscalizar desvios de recursos em vez de cortar emendas parlamentares

A decisão do governo federal de cortar as emendas parlamentares no Orçamento de 2012 mostra descaso da presidente Dilma, na opinião do deputado Vaz de Lima (SP). Para o tucano, o Planalto deveria fiscalizar os desvios de recursos nos ministérios em vez de barrar, mais uma vez, os benefícios que seriam levados aos municípios. O ajuste fiscal, cujo tamanho ainda não foi definido, pode preservar investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Minha Casa, Minha Vida, obras de infraestrutura e da Copa de 2014.

“A presidente acha que pode governar o país sozinha, sem o Legislativo e demais instituições. Por falha e incompetência administrativa, quer cortar investimentos que os parlamentares apontaram para os seus municípios, quando deveria cuidar de seus ministros para que eles não roubem e apliquem o recurso público corretamente”, afirmou nesta terça-feira (24).

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Na avaliação de Vaz de Lima, o bloqueio dos gastos sugeridos pelo Congresso vai prejudicar o relacionamento de Dilma com a base aliada e a oposição. “Ela está querendo entrar em rota de colisão de novo. Seria muito bom que a presidente não repetisse essa dose porque vai ser muito dura a vida dela no Congresso”, ressaltou. A tesourada nas emendas deve ser de R$ 23 bilhões. No ano passado, o corte no orçamento atingiu R$ 21 bilhões em emendas.

De acordo com o tucano, o anúncio de um monitoramento on-line dos gastos do Executivo, anunciado após nove anos de governo do PT e inúmeros desvios e desmandos em contratos com empreiteiras e convênios, vem com extremo atraso. O sistema de acompanhamento das ações das pastas foi divulgado após a reunião de Dilma com os titulares das pastas na segunda-feira (23).

Segundo o deputado, com a medida, o governo demonstra que o problema existe e não foi solucionado. “O governo reconhece que há muita falcatrua acontecendo. Tivesse feito isso desde o primeiro ano do governo Lula e provavelmente o país não estaria na situação que está. Teríamos mais recursos para investimentos”, declarou.

O deputado Vanderlei Macris (SP) também criticou a demora da gestão petista, pelo Twitter. “Dilma propõe instrumento para monitorar ministérios. Se há desconfianças, por que não extinguir muitos deles e só deixar alguns? Mais fácil”, afirmou.

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→ Em fevereiro, o governo definirá o tamanho do corte no Orçamento de 2012. O valor deve ser entre R$ 50 bilhões e R$ 55 bilhões.

→ Os ministérios têm até metade do ano para apresentar sistemas de acompanhamento das ações. Segundo o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, os dados poderão ser divulgados, mas o acesso ao monitoramento será dos membros do governo.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Gustavo Lima/ Ag. Câmara/Áudio: Elyvio Blower)

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24 janeiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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