Vocação para grandes eventos, por Walter Feldman
As economias do Brasil e do mundo estão se transformando rapidamente. Passamos a Inglaterra e agora somos a sexta maior economia do planeta. É um fato para se comemorar. Precisamos estar cientes, portanto, dos desafios que devemos superar, mantendo um ritmo de crescimento sustentável e, principalmente, ampliando os benefícios para a população.
Dentro desse contexto, São Paulo é uma cidade-chave para nos posicionarmos no mercado internacional. Somos a maior e a mais rica cidade da América Latina e necessitamos nos reinventar constantemente para continuarmos competitivos, buscando sem tréguas melhor qualidade de vida.
Isso significa melhorias na infraestrutura e uma economia mais dinâmica e limpa. Os grandes eventos se transformaram em uma de nossas principais atividades. Podemos nos destacar como um dos principais polos de eventos e negócios do mundo.
Para se ter uma ideia, faturamos em 2010 R$ 18 bilhões nesse setor. Dos 170 eventos internacionais da América do Sul, São Paulo sediou 140. Nesta década, apenas 50 grandes eventos mundiais vão movimentar mais de US$ 200 bilhões.
Essas mega-atividades culturais e de entretenimento também estimulam outros segmentos, como o turismo e os novos empreendimentos, sem contar a geração de milhares de empregos para profissionais de múltiplas áreas.
Além do mais, elas melhoram a infraestrutura do município, sendo capazes de recuperar bairros ou regiões inteiras. Tudo isso já é realidade em Londres e, em razão disso, aceitei a missão de ficar seis meses trabalhando para São Paulo no Reino Unido como secretário especial da Prefeitura.
Londres e São Paulo, assim como o Reino Unido e o Brasil, merecem atenção em relação às suas semelhanças, pois iremos disputar esse novo filão da economia.
Nós também poderemos realizar em São Paulo o que os ingleses estão fazendo. Eles investem no desenvolvimento tecnológico voltado para a produção inteligente e criativa, planejando assim um aumento de 30% na sua balança comercial após os Jogos Olímpicos de 2012.
Eles cuidam da publicidade com grande atenção e profissionalismo, porque entendem que os grandes eventos conquistam espaço abundante e espontâneo na mídia, suficiente para relançá-los como protagonistas na economia mundial.
Ao pedir a exoneração da Secretaria de Grandes Eventos ao prefeito Gilberto Kassab, propus extingui-la e continuar o desenvolvimento do projeto de uma forma transversal, utilizando as secretarias de Relações Internacionais e de Desenvolvimento Econômico, além da SPTuris, que já realiza um excelente trabalho na área.
Devemos também aproveitar obras como o Itaquerão para recuperar a região leste e deixar um legado para população local. Podemos fazer isso turbinando a economia local e melhorando a qualidade de vida com a construção de parques, ciclovias, escolas e creches.
A experiência em Londres não significa um exemplo apenas para São Paulo e para o Rio de Janeiro, mas para o Brasil. Para realizarmos a Copa do Mundo e a Olimpíada com perfeição, é obrigatório termos governança, ética, transparência, planejamento estratégico, orçamento fixo, projetos executivos e compreensão do legado.
Apresentei um relatório com mais de mil páginas para avançarmos nessas ações que estão em andamento. Seguirei contribuindo com esta meta na Câmara Federal, onde reassumi o mandato em janeiro.
A capital paulista tem um privilegiado posicionamento geopolítico e uma infraestrutura completa. A Copa e os Jogos Olímpicos são oportunidades únicas não só para São Paulo e o Rio, mas para o Brasil dar um salto definitivo para se tornar uma potência econômica. Megaeventos como esses certamente podem favorecer o nosso futuro.
(*) Walter Feldman é deputado federal pelo PSDB-SP e ex-secretário especial de Articulação para Grandes Eventos da Prefeitura de São Paulo. Artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo” em 11/01/2012. (Foto: Eduardo Lacerda)
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