Tributos perdidos


Mourão cobra fiscalização em programa de incentivo para saneamento e irrigação

O deputado Alberto Mourão (SP) cobrou nesta terça-feira (10) controle do governo federal sobre o Regime Especial de Incentivos para Desenvolvimento de Infraestrutura (Reidi), que deveria garantir investimentos nas áreas de saneamento e irrigação. Criado em 2007, o sistema ainda não concedeu nenhum centavo em benefícios, como revela o jornal “Folha de S.Paulo”. No entanto, ele já fez com que o Executivo deixasse de recolher R$ 4,7 bilhões em tributos de empresas que aderiram ao regime para tocar obras de energia, portos e transportes. Auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) constaram problemas de fiscalização.

“É preciso melhorar enormemente a gestão. Temos um problema de desperdício de recursos públicos que é muito maior que a corrupção no nosso país. A falta de responsabilidade tem se demonstrado ao longo dos anos”, lamentou o tucano. O parlamentar acredita que as falhas ocorrem porque não há controle sobre o programa.

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“Precisa haver uma ferramenta melhor de controle. Não existe isso, principalmente pela Casa Civil, que deveria controlar as metas que o governo estabeleceu. Há uma deficiência de gestão”, apontou. De acordo com o TCU, os órgãos públicos não analisam adequadamente se a isenção é usada pelas empresas apenas nos projetos de infraestrutura e se isso se reverte em benefício para a população.

A Receita Federal informou ao tribunal que, das 562 empresas habilitadas para receber o incentivo fiscal até o fim de 2010, apenas 10 haviam declarado que o projeto acabara e não tinham mais direito ao incentivo. Parte do empreendimento foi habilitada no Reidi ainda em 2007. “A fiscalização tem que ser anual para que se possa corrigir imediatamente e até cortar os incentivos caso preciso para não criar prejuízos”, afirmou Mourão, ao destacar que  grandes danos  já foram causados.

Desoneração

De acordo com dados do Ministério das Cidades, apenas 44% da população brasileira está conectada a uma rede de esgoto e, dos dejetos coletados, somente 38% são tratados. A área irrigada do país é de cerca de 5 milhões de hectares, o que corresponde a menos de 10% da área usada para lavouras.

→ O Ministério das Cidades afirmou que as empresas do setor não aderiram ao programa de incentivos porque isso implicaria em custos administrativos elevados que não compensariam os ganhos potenciais com a desoneração. Já o Ministério da Integração Nacional, responsável pela área de irrigação, diz que o problema é que o Reidi foi formulado para empresas, e boa parte dos projetos de irrigação são feitos por pessoas físicas.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Brizza Cavalcante/Ag. Câmara/Áudio: Hélio Ricardo)

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10 janeiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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