Peças defeituosas


Para Gomes de Matos, burocracia atrapalha avanço das pesquisas científicas no Brasil

A burocracia prejudica o andamento da produção científica brasileira, de acordo com o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE). Cerca de 400 pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão de braços cruzados há quase sete meses porque a Receita Federal não libera peças de reposição de um microscópio, como destaca o jornal “O Globo”. O aparelho, de tecnologia japonesa e adquirido em junho de 2009, apresentou defeitos dois anos depois da compra, quando ainda estava dentro da garantia.

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Os acessórios poderiam ser trocados gratuitamente até novembro do ano passado, mas as exigências da Receita dificultam a reposição do material. A universidade encaminhou o processo para o órgão federal em julho de 2011 e, depois de três meses, recebeu a resposta de que deveria enviar as peças defeituosas e só depois receberia as substitutas. As peças velhas foram encaminhadas à Receita em outubro e até agora não teriam sido remetidas ao exterior.

Segundo o parlamentar, a burocracia atrapalha o avanço das pesquisas. “O governo demonstra falta de compromisso na agilidade da desburocratização. O equipamento irá ampliar o espaço em pesquisas biológicas e avanços em ciência no Brasil. Há esse retrocesso em virtude do descompasso na Receita Federal, quando o órgão deveria dar o bom exemplo para termos celeridade”, declarou nesta terça-feira (10).

Cerca de 150 orientadores de pós-graduação de unidades como clínica médica, anatomia patológica e farmacologia dependem do aparelho para realizar as pesquisas.  O diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, Roberto Lent, afirmou que o equipamento é o mais moderno em termos de microscopia e seu uso é “absolutamente indispensável” para a publicação de estudos em revistas científicas internacionais. O microscópio confocal capta imagens em 3D de estruturas e eventos biológicos. Com ele, é possível visualizar fragmentos de tecido e até de embriões inteiros sem cortes mecânicos na amostra.

Gomes de Matos lamentou o prejuízo para a área científica do país. “O Brasil perde espaço e credibilidade porque os avanços tecnológicos e as pesquisas ficam prejudicados. Outros países desenvolvem pesquisas com mais celeridade e nós perdemos a paternidade de sermos inovadores”, destacou.

Troca ameaçada

→ Segundo a reportagem de “O Globo”, a Leica, fabricante do microscópio, aceitou prorrogar a garantia do equipamento, expirada em 21 de novembro. No entanto, a alfândega só consideraria, para este processo, o contrato original, e não o acordo firmado recentemente entre a universidade e a empresa japonesa. A troca gratuita das peças, portanto, estaria ameaçada.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Leonardo Prado/Ag. Câmara/ Áudio: Hélio Ricardo)

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10 janeiro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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