Muito discurso, pouca ação

Deputados não acreditam que Dilma cumprirá plano para melhorar saneamento

É difícil acreditar na promessa da presidente Dilma de melhorar o saneamento básico em 1.116 municípios, avaliam os deputados Valdivino de Oliveira (GO), Rodrigo de Castro (MG) e Rui Palmeira (AL). Apesar de a área ser essencial à população, o governo petista nunca o priorizou, segundo os tucanos. Eles destacam números do Censo 2010, divulgado nessa quarta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O relatório aponta que a quantidade de brasileiros vivendo em favelas, os chamados “aglomerados subnormais”, quase dobrou em uma década: passou de 6,5 milhões para 11,4 milhões. O problema mora na falta de serviços básicos. Como a consequência, apenas 67,3% dos domicílios do país em aglomerados subnormais têm rede geral de esgoto ou fossa séptica.

Para Valdivino de Oliveira, seria primordial que a presidente Dilma saísse do discurso e colocasse em prática o plano. Porém, o primeiro ano do mandato dela levanta dúvida sobre a capacidade para tocar a ação.  “Seria muito salutar que ela pudesse anunciar e cumprir a meta anunciada. É difícil acreditar porque os programas que a petista lançou na área de investimentos não foram cumpridos”, alertou.

Rodrigo de Castro acredita que Dilma escolheu o pior caminho. Segundo ele, o ideal é desonerar os impostos para as empresas de saneamento, assim como fez o ex-governador de Minas Gerais, o hoje senador Aécio Neves (MG). O deputado afirma que Aécio apresentou a proposta, mas a presidente a ignorou. “Ela não gosta de ouvir. Não gosta de propostas dos outros, ainda que sejam melhores.”

Palmeira garante que vai cobrar a execução da iniciativa. “Agora temos que fiscalizar para que o plano não fique só no papel. O grande problema é que o governo gosta de projetos midiáticos, de muito marketing”, observou.

O IBGE constatou que em 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso eram 6,5 milhões de brasileiros vivendo em moradias precárias. O número quase dobrou nos oito anos da gestão de Lula. Nos últimos 10 anos, a quantidade de habitantes em favelas cresceu 75%, desconsiderando o aumento da população.

(Reportagem: Artur Filho / Foto: Fábio Pozzebom / Agência Brasil / Áudio: Francisco Maia)