Mentira deslavada

Deputados repudiam livro escrito por falsário para denegrir imagem de tucanos

O governo monta dossiês e lança livros com informações falsas para desviar o foco dos escândalos que tomaram conta da máquina federal.  Essa é a avaliação de deputados tucanos. A crítica é relacionada à publicação “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., acusado de participar da montagem de uma central de espionagem no comitê da campanha da presidente Dilma. Na obra, o autor ataca as concessões realizadas pela gestão Fernando Henrique Cardoso, processo que revolucionou a economia brasileira.

Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), as informações foram requentadas. Segundo ele, Amaury escreveu o material para se livrar do indiciamento da Polícia Federal, pois ele é um dos responsáveis pela montagem de dossiês falsos contra o ex-governador de São Paulo José Serra na campanha eleitoral de 2010, quando o político disputou a Presidência.

Ex-presidente reprova prática do PT de atacar adversários políticos

“O PT tenta criminalizar inocente e inocentar criminosos. Na verdade, fica repetindo uma mentira para tentar transformar aquilo numa verdade. O Planalto vive um ano cheio de dificuldades, sobretudo de natureza ética”, disse. Nogueira se refere à queda de sete ministros, seis envolvidos em irregularidades.

Recém-eleito líder da bancada, o deputado Bruno Araújo (PE) disse que causa estranheza. Na visão dele, uma pessoa com mínimo de inteligência compreende que se trata de armação. “Um assunto que nunca houve qualquer tipo de dúvida levantado pelos órgãos de fiscalização de todo Brasil. Ele surge depois de uma série de meses de questionamento ético da formação ministerial desse governo. É muita coincidência”, avaliou.

De acordo com Fernando Francischini (PR), não existe motivo para temer, exatamente porque o livro não tem credibilidade. “Os documentos não têm sustentação em fatos reais”, argumentou. Francischini tem certeza absoluta da lisura do governo Fernando Henrique, que sempre foi comprometido com a ética e a responsabilidade.

FHC condenou o livro por meio de nota. “Quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação”, destacou. O presidente nacional do partido, Sérgio Guerra (PE), disse que irá à Justiça contra o jornalista. José Serra também deve processá-lo.

(Reportagem: Artur Filho / Foto: Divulgação / Áudio: Elyvio Blower)