Desafio na saúde


Para tucanos, é difícil acreditar em promessa do governo de investir R$ 4 bilhões no combate ao crack

Os deputados Fernando Francischini (PR) e William Dib (SP) esperam que o programa de combate ao crack lançado na quarta-feira (7) pelo governo federal, no valor de R$ 4 bilhões, não siga o mesmo caminho de projetos anteriores. Em 2010, o ex-presidente Lula criou o “Plano de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas”, ao qual foram destinados R$ 410 milhões. Até hoje, 27% dos recursos não foram aplicados. O Orçamento da União para 2011 previa R$ 33,5 milhões para a política antidrogas. Desses, apenas R$ 5 milhões foram executados, de acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

Os tucanos destacaram a gravidade do problema, que se transformou em uma grande epidemia no país. Os parlamentares consideram difícil acreditar na promessa do Executivo. “Esperamos que esse projeto dê certo, mas como oposição temos que fiscalizar e exigir essa política pública na área da saúde. A última iniciativa foi mais propaganda do que ação realizadora. Se eles usarem o mesmo valor do projeto anterior, nem um terço desses recursos será utilizado”, avaliou Francischini.

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“O governo precisa investir efetivamente essa quantia em vários anos consecutivos. Temos que capacitar os profissionais, melhorar o diagnóstico, a recepção e o tratamento dos usuários e depois reinseri-los na sociedade”, ressaltou Dib.

O deputado por SP destacou que o Planalto deveria dar mais atenção à política de combate ao tráfico. “Assistimos a um aumento de progressão geométrica do uso das drogas no Brasil e a gestão federal não progride as suas condições de fronteira e nem de atendimento. A epidemia só piora e os números que o governo apresenta para tratamento estão muito aquém da necessidade”, criticou.

Não existe um número oficial dos usuários de crack no Brasil, mas estima-se que existam 1,2 milhão de pessoas. A presidente Dilma Rousseff solicitou uma pesquisa para mapear a situação à Fiocruz, mas só deverá ter os resultados no fim de 2012.

Faltam leitos

90,7%
De um total de 4.430 municípios consultados registram consumo de crack, segundo enquete da Confederação Nacional de Municípios.

→ Há um déficit de 7,5 mil leitos para atendimento de pacientes em fase de desintoxicação. Desde 2003, o número de dependentes químicos que procuraram atendimento no SUS multiplicou-se por dez.

→ O plano de combate lançado por Lula previa implantar 2,5 mil novos leitos exclusivos para tratamento de dependentes. O mesmo número voltou a ser anunciado agora. Até o mês de junho, não havia sequer 300 leitos.

→ Em fevereiro, Dilma Rousseff anunciou a instalação de 49 Centros de Referência em Crack e Outras Drogas, com o objetivo de capacitar 14 mil profissionais de saúde e dar assistência social para lidar com viciados e familiares. No entanto, não há informações sobre o treinamento.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Fotos: Ag. Câmara/Áudio: Elyvio Blower)

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8 dezembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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