PIB paradão


Relegada a 2º plano, indústria puxa setor produtivo nacional para baixo

A economia brasileira ficou estagnada no terceiro trimestre do ano: o crescimento foi de 0% sobre o trimestre anterior. Os números do PIB do período, divulgados há pouco pelo IBGE, indicam que a indústria está puxando o setor produtivo nacional como um todo para baixo. Na avaliação da Carta de Formulação e Mobilização Política desta terça-feira (6), o governo poderia ajudar adotando medidas sistêmicas, e menos pontuais, além de impulsionar o investimento público. “É tudo o que a gestão Dilma não conseguiu fazer até agora”, avalia o documento editado pelo ITV. Leia a íntegra abaixo:

A economia brasileira ficou paradona no terceiro trimestre do ano: o crescimento foi de 0% sobre o trimestre anterior. Os números do PIB do período foram divulgados há pouco pelo IBGE e indicam que a indústria – tantas vezes relegada pelo governo petista – está puxando o setor produtivo nacional como um todo para baixo.

O consumo das famílias, que vinha impulsionando a economia, e há um ano crescia à exuberante taxa de 2,4%, agora também ficou negativo (-0,1%). O mesmo aconteceu com a chamada “formação bruta de capital fixo”, que representa os investimentos em construção, máquinas e equipamentos: passou de alta de 3,6% há um ano para queda de 0,2% agora – sempre na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

O país começou o ano crescendo a um ritmo de 7,5% e caminha para terminá-lo com avanço equivalente a menos da metade disso. O acumulado nos quatro últimos trimestres ficou em 3,7%. O desempenho esperado para o período outubro-dezembro deve contribuir para diminuir ainda mais a média do ano.

Atividades importantes da economia já sinalizam que estão com o freio de mão totalmente puxado. É o caso da indústria automotiva, com queda de 0,4% na produção no terceiro trimestre, e, principalmente, do aço, insumo básico da economia, cuja produção despencou 15% no período.

Entre os setores que compõem o cálculo do PIB, só a agropecuária teve evolução positiva na comparação com o segundo trimestre: cresceu 3,2%. A indústria caiu 0,9%, com o pior desempenho – o segmento da indústria da transformação amargou 1,4% de queda, a maior de todas. Serviços também recuaram: -0,3%.

Um índice privado que mede o desempenho do setor industrial no Brasil e em vários outros países – calculado pelo banco HSBC em parceria com a consultoria Markit – mostra que a indústria brasileira foi a primeira do mundo emergente a começar a se contrair, em junho deste ano, mostrou a Folha de S.Paulo ontem.

Mas o problema da indústria não é meramente conjuntural; é estrutural. A produção nacional vem perdendo espaço para produtos importados. Uma obsoleta e cara estrutura de impostos e uma infraestrutura caquética também lhe pesam nos ombros.

A retomada do setor industrial passa obrigatoriamente por um aumento de competitividade, problema que os remendos anunciados ao longo do ano pelo governo Dilma Rousseff, incluindo o insípido programa Brasil Maior, não atacaram.

O governo poderia ajudar de duas formas. A primeira, adotando medidas que melhorassem a economia de forma sistêmica e não de maneira pontual e aleatória como tem feito. Ao longo do ano, ora buscou-se esfriar a demanda para conter a inflação e ora reativar o consumo, como foi feito na semana passada. Já a tal política industrial anunciada em agosto até agora não mostrou a que veio.

A segunda maneira de colaborar para que os motores não arrefeçam seria impulsionar o investimento público. Mas a execução orçamentária deste ano indica que isso é tudo o que a gestão petista definitivamente não sabe fazer. O Valor Econômico mostra hoje que, dos R$ 108 bilhões previstos para este ano, apenas 58% foram executados até outubro.

“Os atrasos são generalizados e abrangem grandes obras da Petrobras [que apresenta o menor nível de execução dos últimos três anos], hidrelétricas e linhas de transmissão tocadas pelas 15 empresas do grupo Eletrobrás, aeroportos e os portos públicos mais movimentados do país”, informa o jornal, em manchete.

Diante deste cenário, é bastante improvável que o país consiga crescer 5% em 2012, como previu Guido Mantega na semana passada, ao anunciar mais uma colcha de retalhos de ações para incentivar a economia brasileira. Ninguém mais põe fé nos chutes do ministro – vale lembrar que, no início do ano, a Fazenda projetava crescimento de 4,5% para 2011.

Exceto nos mirabolantes exercícios de projeção do governo, não se veem no horizonte estimativas de expansão do PIB em 2012 acima de 3,5%, teto, também, para o desempenho esperado pera este ano. O certo é que, na melhor das hipóteses, a situação só tende a começar a melhorar lá por meados de 2012. Isso se o governo não fizer alguma bobagem mais à frente.

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6 dezembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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