Governo anestesiado
Deputados criticam passividade de Dilma diante das denúncias que derrubaram Carlos Lupi
Deputados tucanos criticaram nesta segunda-feira (5) a inércia da presidente Dilma diante das denúncias que derrubaram o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O destino do pedetista foi definido quase um mês após o aparecimento da primeira irregularidade na pasta por ele comandada. É o sétimo assessor direto da petista a cair, o sexto por suspeitas de fraudes. Na visão dos parlamentares, o governo apenas reage às notícias reveladas pela mídia. Destaca-se o fato de Dilma não ter pedido a exoneração de nenhum titular.
Rogério Marinho (RN) acredita que a prometida limpeza ética ficou apenas no papel. “A imprensa está levantando o que foi varrido para debaixo do tapete. A postura eventual de faxina contra a corrupção mostra-se uma grande falácia. A administração tem sido passiva e não dirime as denúncias, que são cada vez maiores.”
baixe aquiDura realidade vai transformando em miragem a fama de administradora eficaz da petista
Para Vaz de Lima (SP), a queda de tantos ministros em menos de um ano de mandato comprova a falta de critério para a escolha dos auxiliares. “Percebemos um roteiro pré-estabelecido: a imprensa divulga, a oposição repercute e ela acaba tomando essa atitude, mas nenhum ato efetivo partiu da petista.”
Da tribuna, Antonio Imbassahy (BA) criticou a triste marca. “Apesar da forte proteção do Planalto, Lupi finalmente apresentou a sua exoneração. Ainda assim, resistiu 28 dias”, disse.
Os deputados lamentaram ainda que o pedetista tenha deixado o cargo sem explicações convincentes. “É a mesma situação dos dirigentes anteriores. Todos saem e não esclarecem as irregularidades”, resumiu Marinho. “Esse é o maior problema: manda embora e não faz mais nada. Quando o próprio governo deveria exigir que os órgãos competentes buscassem os recursos que foram sonegados”, completou Vaz de Lima.
A queda ocorreu após a presidente ignorar relatório da Comissão de Ética da Presidência que recomendava a demissão. Ela considerou as justificativas inconsistentes.
Enxurrada de denúncias
→ Carlos Lupi sai após três denúncias graves: o envolvimento de atuais e ex-servidores do ministério em um esquema de cobrança de propinas que revertia recursos para o caixa do PDT, suposta viagem em um avião pago por Adair Meira, dono de ONGs que possuem contratos com a pasta e a de que ocupou dois cargos públicos simultaneamente.
→ Além de Lupi, outros seis ministros deixaram suas pastas em menos de 12 meses de governo. Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo), Antonio Palocci (Casa Civil) e Orlando Silva (Esportes) saíram por denúncias de irregularidades. Já Nelson Jobim (Defesa) pediu demissão por discordar politicamente do Planalto.
→ O Ministério Público Federal no Distrito Federal vai investigar possíveis irregularidades na utilização de um avião particular pelo ex-ministro do Trabalho em dezembro de 2009.
(Reportagem: Alessandra Galvão / Foto: Marcello Casal Jr/ABr / Áudio: Elyvio Blower)
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