População à deriva
Centro de alerta para chuvas e desastres anunciado pela União não passou de marketing
Os deputados César Colnago (ES), Carlaile Pedrosa (MG) e Rui Palmeira (AL) avaliaram que a criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) prometido pelo governo federal para novembro deste ano não passou de marketing político. Dos R$ 21 milhões programados para dar início ao trabalho, nenhum centavo foi utilizado, conforme mostra o sistema de acompanhamento dos gastos da União. A estrutura tinha por objetivo monitorar o tempo 24 horas por dia em zonas críticas e dar alertas de deslizamento, enxurrada e inundação com antecedência à Defesa Civil.
Segundo a “Folha de S.Paulo”, 700 pluviômetros não foram instalados e 1.800 manuais nos municípios de alto risco de desastres não foram concluídos. Além disso, o concurso para a contratação temporária de 75 especialistas só foi realizado em outubro e os aprovados ainda não foram convocados. Apenas cinco servidores foram nomeados para cargos de confiança e estão lotados em uma sala cedida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em Cachoeira Paulista (SP).
baixe aquiCarlaile Pedrosa critica o fraco desempenho do Executivo em adotar mecanismos de monitoramento para proporcionar mais tranquilidade à população. “O governo prometeu que investiria neste sentido, porém não vemos nada. Dinheiro tem, falta gestão e interesse”, alerta.
Na avaliação de Colnago, a falta de políticas públicas para evitar tragédias naturais é lamentável. “O Planalto não pode ver nenhum desastre que vai lá e promete algo”, critica. “E o pior, não cumpre a promessa que poderia evitar mortes e perdas materiais principalmente dos mais carentes, que moram em encostas, beiras de rio e morros”, destaca. “Não tem nenhuma política no sentido de retirar essas pessoas que estão em áreas de risco, ou seja, é só discurso”, completa.
Rui Palmeira exige uma atitude mais séria com a sociedade. “O governo federal deveria parar de gerir a partir de ideias de marqueteiro e administrar conforme as reais necessidades do povo brasileiro”, ressalta. “Em um ano de gestão da presidente Dilma Rousseff, as coisas não saíram do papel. É muito bonito na imagem do programa eleitoral do PT prometer”, critica.
Desastres
→ No início deste ano, as chuvas que castigaram as regiões serranas do Rio de Janeiro provocaram a morte de mais de 2 mil pessoas. Em Nova Friburgo, houve 426 mortos. A cidade de Teresópolis – a segunda mais castigada – contabilizou 379 vítimas. O distrito de Itaipava, no município de Petrópolis, teve 71 mortos. Sumidouro, o maior produtor de verduras e legumes do Rio, teve 21 vítimas, São José do Vale do Rio Preto, quatro e Bom Jardim, um morto.
(Reportagem: Laize Andrade/ Foto: Wilson Dias/ABr/Áudio: Elyvio Blower)
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