Dois pesos, duas medidas


Deputados criticam esforço do governo para impedir aprovação de audiência com ministros

Deputados tucanos estranharam a forma diferenciada como o governo trata seus integrantes do primeiro escalão. Os parlamentares lamentaram o esforço da tropa de choque do Planalto para rejeitar requerimentos que pediam audiência para explicar as denúncias de irregularidades envolvendo diversos ministérios. Em reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, a base blindou assessores diretos da presidente Dilma, impedindo a aprovação de convites e convocações.

O primeiro documento recusado pelos aliados era destinado ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Assinam a solicitação o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), e o deputado Vanderlei Macris (SP). Pela proposta, o petista deveria esclarecer as acusações feitas por Irmar Silva Batista de que o Planalto havia sido alertado no inicio do ano sobre esquema de cobrança de propina no Trabalho para legalização de sindicatos. Um e-mail enviado a Carvalho revelou o escândalo, mas nenhuma atitude foi adotada.

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Proteção não impedirá governo de dar explicações sobre suposta cobrança de propina

Nogueira questionou a manobra. “Que mal há em o ministro vir à comissão para elucidar se recebeu ou não o e-mail e que medidas tomou? Queremos apenas que as explicações sejam dadas”, ressaltou. Para o líder, a administração federal trata seus representantes com “dois pesos e duas medidas”. Isso porque a base ajudou a aprovar convite ao titular das Cidades, Mario Negromonte (PP), mas não aceitou chamar membros de partidos com mais força na gestão.

Outro pedido de Nogueira não acatado previa a realização de audiência com a presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman, para falar sobre os problemas ocorridos na execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011. A convocação da comandante da pasta do Planejamento, Miriam Belchior, para discursar sobre irregularidades no Minha Casa, Minha Vida também não ocorreu.

O deputado Fernando Francischini (PR) teve rejeitada sua solicitação de informações ao titular da Saúde, Alexandre Padilha, a respeito de crimes em licitação do órgão no Paraná. O mesmo aconteceu em relação às denúncias de pagamento de propina ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, quando dirigia a Anvisa. A comissão também votou contra proposta de Antonio Imbassahy (BA) e do líder que convidava o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para esclarecer a compra, pela Caixa, do banco PanAmericano.

“Os governistas exercitaram o poder de impedir que a população tenha acesso a dados tão importantes sobre assuntos que incomodam e causam um inconformismo em diversos segmentos”, criticou Imbassahy. “É obrigação da comissão fiscalizar e controlar o uso dos recursos públicos”, completou Macris. Segundo ele, todos os requerimentos possuíam argumentos irretocáveis do ponto de vista de sua necessidade.

Reação à manobra

Vanderlei Macris anunciou que irá recorrer da rejeição de requerimentos votados na ausência de seus autores.

Fernando Francischini avisou que irá impetrar ação popular no Supremo Tribunal Federal (STF) para que Carlos Lupi devolva aos cofres públicos tudo que recebeu durante o período em que foi funcionário fantasma da Câmara.

Em protesto, Macris retirou de pauta a convocação da ministra da Cultura, Anna de Holanda. O autor solicitava a presença dela para esclarecer a autorização que destinou R$ 12,3 milhões para a produção do Rock in Rio 2011 por meio da Lei Rouanet.

(Reportagem: Djan Moreno / Foto: Larissa Ponce / Áudio: Elyvio Blower)

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30 novembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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