Decolagem com turbulências


Apesar do anúncio da 1ª privatização, brasileiros ainda conviverão por um tempo com caos nos aeroportos

A gestão petista oficializou ontem a primeira privatização de um aeroporto no país. São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, representa um marco na superação da postura retrógrada que o partido de Dilma Rousseff adotou ao longo de anos. Mas os brasileiros ainda conviverão por algum tempo com aeroportos caóticos e inadequados; as demais concessões só decolarão mesmo no ano que vem. Enquanto isso, o governo breca investimentos.

O governo do PT oficializou ontem a primeira privatização de um aeroporto no país. São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, representa um marco na superação da postura retrógrada que o partido de Dilma Rousseff adotou ao longo de anos. Mas os brasileiros ainda conviverão por algum tempo com aeroportos caóticos e inadequados.

O programa de concessão de aeroportos foi anunciado em abril pelo então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Na época, divulgou-se que as primeiras concessões ocorreriam em julho passado. Pura ilusão, como se vê agora. São Gonçalo do Amarante só saiu do papel agora porque seu processo já se arrastava há anos.

“[O aeroporto] Começou a ser implantado em 1995, teve a edificação iniciada em 1997, mas até agora só tem pista de pouso. As vias de acesso são de barro, os prédios se limitam a alojamento do canteiro de obras, e as comunicações são precárias”, relata O Globo. O aeroporto potiguar receberá investimentos de R$ 650 milhões, dos quais 80% virão do BNDES.

Sabe-se agora que as demais concessões só decolarão mesmo no ano que vem. Os leilões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas, antes previstos para 22 de dezembro, só acontecerão entre fevereiro e março, informou a Folha de S.Paulo no domingo.

Se já não era crível que as melhorias chegariam a tempo da Copa de 2014, agora menos ainda. “A demora tornará a obra mais cara, pois será necessário pôr mais pessoas para trabalhar e pagar mais horas extras”, diz uma analista ouvida pelo jornal. Estima-se investimento de R$ 13,2 bilhões nos três terminais ao longo do período de concessão, que pode variar de 20 a 30 anos.

A concessão de outros terminais fundamentais para o transporte aéreo brasileiro – como Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Galeão, no Rio – segue indefinida. Também nestes casos, os leilões não têm data para acontecer.

Uma das principais dúvidas quanto ao sucesso do modelo de concessões que o governo Dilma resolveu adotar repousa na participação da Infraero nos consórcios. As regras fixadas reservam fatia de 49% do capital para a empresa, que acumula um histórico de ineficiências e mantém-se como um retrato da malversação de dinheiro público.

Relatório recente da Anac mostrou que, dos 66 aeroportos administrados pela Infraero, apenas sete foram lucrativos em 2010. Não surpreende que a perspectiva de caos aéreo no fim deste ano ainda seja uma atemorizante ameaça à espera dos usuários.

Entre Natal e Ano Novo, é esperado trânsito de 16 milhões de passageiros pelos aeroportos do país. O número representa aumento de 10% sobre 2010. “Os aeroportos não estão preparados para encarar o movimento recorde esperado no período”, avaliou o Correio Braziliense em sua edição de domingo.

A situação dos nossos aeroportos reforça a constatação da incapacidade do governo federal de levar a cabo os investimentos necessários para melhorar a infraestrutura no país. Estudo do economista Mansueto Almeida, do Ipea, mostra que são os investimentos e não o custeio que está pagando o pato do ajuste fiscal da gestão Dilma.

“De janeiro a outubro, houve queda forte do investimento nos ministérios das Cidades, do Turismo e da Integração Nacional, além de um recuo pequeno no dos Transportes. (…) O conjunto dessas seis pastas investiu R$ 25,3 bilhões, quase 9% a menos que em igual período de 2010. Os gastos de custeio aumentaram 27%, para R$ 42,310 bilhões”, informou o Valor Econômico ontem.

A resistência petista às privatizações já causou muitos males. Espera-se que a presidente Dilma Rousseff não retarde ainda mais a solução que se aguarda para os aeroportos do país. Que São Gonçalo do Amarante seja o início de um caminho sem volta ao tempo de ineficiência e desrespeito aos direitos dos usuários do transporte aéreo no Brasil.

(Fonte: ITV)

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29 novembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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