Política de bastão
Deputados condenam postura de Haddad de atribuir avanços da educação à gestão petista
Deputados do PSDB criticaram a postura do ministro da Educação, Fernando Haddad, que atribuiu todos os avanços da área nos últimos anos à gestão do PT. Pré-candidato ao governo de São Paulo, o petista fez diversas críticas à administração de Fernando Henrique Cardoso em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara ontem (23). Ele respondeu ainda aos questionamentos dos parlamentares sobre as sucessivas falhas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Líder do PSDB na Casa, Duarte Nogueira (SP) reprovou a fala de Haddad. “Não se pode fazer política administrativa só olhando para trás no retrovisor. Temos que fazer uma política no país como corrida de bastão: quando se recebe o bastão do antecessor e o entrega da melhor maneira possível ao sucessor”, afirmou.
baixe aquiO titular citou relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mostra indicadores crescentes da educação de 2000 a 2008 e condenou os investimentos da era FHC. “Se houve avanço, foi porque todo mundo trabalhou para isso. Não foi uma conquista só do presidente Lula”, rebateu Nogueira. “As condições em que vocês encontraram o país foram tão fantásticas que o Brasil poderia estar muito melhor do que agora. É fácil fazer discurso”, completou.
Haddad destacou o financiamento do setor a ser definido no Plano Nacional de Educação (PNE). A meta do governo é destinar 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área.
O líder estranhou o fato de o gestor não fazer uma explanação inicial, como é de costume nas audiências. O ministro também não fez nenhuma anotação dos questionamentos dos deputados. “É no mínimo inusitado. Não quero que isso possa caracterizar desdém ou falta de consideração. Mas ele parecia não estar preocupado com a exatidão de qualquer informação que viesse a prestar”, afirmou o líder.
O petista chegou a dizer que o ex-ministro da Educação no governo FHC, Paulo Renato Souza, elogiava a sua gestão na pasta e teria manifestado apoio a sua permanência no cargo. “Me chocou um pouco depois de Vossa Excelência fazer tantas críticas à gestão FHC o senhor citar o nome de Paulo Renato como para referendar a sua capacidade profissional e dizer que ele havia sugerido que você ficasse como ministro”, destacou Antonio Imbassahy (BA).
O parlamentar cobrou explicações das sucessivas viagens do petista a São Paulo para atividades da pré-campanha à prefeitura. “Vossa Excelência tem estado permanentemente em São Paulo. Tem recebido diárias e as despesas são custeadas com recursos públicos?”, questionou Imbassahy. Haddad afirmou que voa de carona com outros gestores em aviões da Força Aérea e fica hospedado na casa do filho.
O deputado Otavio Leite (RJ) sugeriu mudanças na metodologia do Enem. Na avaliação do deputado, é preciso ampliar a abrangência do pré-teste. O tucano também propôs que os cadernos fossem impressos já nos locais de prova para evitar problemas de logística e segurança.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: José Cruz/ABr/Áudio: Elyvio Blower)
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