Estelionato eleitoral


Deputados cobram cumprimento de promessas de Dilma para melhorar proteção das fronteiras

Ao contrário da promessa petista durante a campanha do ano passado, a segurança das fronteiras brasileiras nunca esteve na lista de prioridades da presidente Dilma. A melhoria na vigilância, a modernização de instalações e o aumento do quadro pessoal nas áreas não foram colocados em prática. Essa é a avaliação dos deputados Eduardo Azeredo (MG) e William Dib (SP). Eles acreditam que a situação permanecerá caótica, pois o Plano Estratégico de Fronteiras, lançado em junho, não passa de um projeto de intenções.

Coordenada pelo vice-presidente Michel Temer, a ação tem um recurso estimado de R$ 200 milhões, mas pouco desembolsou, e nenhum dos 21 novos postos de fiscalização previstos começou a ser construído. Para piorar, só um dos 14 Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) decolou. Em relação às aeronaves, houve muito alarde no período eleitoral por parte do PT.

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Além disso, de R$ 1 bilhão que o Exército previa para acelerar a implantação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron) em 2012, só R$ 105,5 milhões foram incluídos no Orçamento enviado ao Congresso. A redução deixa a vigilância na Amazônia mais prejudicada. Ao todo, 13 mil dos 16,8 mil quilômetros de divisas secas do país ficam na região.

“Essa é mais uma promessa não honrada de Dilma. O seu primeiro ano de governo chega ao fim e a diferença entre a teoria e a prática é enorme”, destacou Azeredo.  “O Planalto não cumpre aquilo que falou e, portanto, a porta fica aberta para o narcotráfico.” O tucano acrescenta que não teve esforço para agilizar os programas.

Azeredo apresentou requerimento de convite à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para esclarecer a execução orçamentária das Forças Armadas. Porém, uma manobra da base aliada impediu ontem (23) a votação do pedido na Comissão de Relações Exteriores.  “Porque ela não pode vir? Queremos que explique a razão de não liberar os recursos para readequação da Defesa Nacional”, cobrou.

William Dib também criticou a contradição. “É bonito o discurso, mas a política de proteção das fronteiras está, na verdade, cada vez mais abandonada”, reprovou. “Isso tudo fez parte de algo que chamamos de estelionato eleitoral.” Para o deputado, o que existe é uma grande incompetência gerencial e falta de vontade para gerar os avanços que o país necessita.

Discurso versus realidade

→ Durante a corrida eleitoral de 2010, a então candidata, Dilma Rousseff, disse que pretendia transformar a vigilância nas fronteiras “em um policiamento mais sistemático”. Ela prometeu criar o Ministério da Segurança para ocupar as fronteiras e que instituiria um cadastro nacional para criminosos.

→ Apesar das promessas, as instalações ao longo da fronteira, além de insuficientes, estão sucateadas. Faltam até coletes e o armamento está desatualizado. Os policiais começarão nessa sexta-feira (25) a protestar contra o descaso. Com o corte de R$ 1,5 bilhão no Orçamento de 2011, o Ministério da Justiça avisou que a maioria das ações só deve acontecer em 2012. A tesourada tem como consequência imediata o atraso da instalação de radares e sensores na Amazônia.

→ O Plano Estratégico de Fronteiras prevê duplicação do efetivo operacional, melhoria das instalações e pagamento de adicional para os policiais federais lotados nas fronteiras. As ações serviriam como incentivo para que os agentes permaneçam nos postos.

→ Na média, as unidades de fiscalização hoje têm de 3 a 5 policiais – um quinto do necessário – vivendo em alojamentos. Temida no passado, a PF passou a ser afrontada abertamente e em alguns casos tem levado desvantagem no combate ao crime.

(Reportagem: Djan Moreno / Foto: Victor Soares /Áudio: Elyvio Blower)

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24 novembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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