Crise política
Governo prioriza mentira e desonestidade ao manter Lupi, afirmam parlamentares
A presidente Dilma perde a oportunidade de fazer a necessária limpeza no governo ao preservar o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, envolvido em incontável série de denúncias. Essa é a avaliação dos deputados Vaz de Lima (SP) e Nilson Leitão (MT). Para os tucanos, a permanência do pedetista até a reforma ministerial em 2012 demonstra que prevalecem a mentira, a desonestidade e a falta de ética.
Vaz de Lima afirma que causa estranheza o adiamento da demissão. “Quem de fato quer fazer faxina, não fica esperando os outros apontarem a sujeira. A presidente está sendo muito paciente e leniente”, condenou. Segundo o tucano, Lupi não tem condições morais para representar os trabalhadores brasileiros.
baixe aquiNa opinião de Nilson Leitão, Dilma está preocupada apenas com a crise que a exoneração do político poderia provocar. Segundo ele, o cenário nebuloso já está desenhado com o crescimento da corrupção. A gestora deixa o pedetista na cadeira apenas para mostrar poder, acrescenta o deputado. “Para demonstrar um autoritarismo. É um papel equivocado”, aponta.
“Como se dissesse: eu sei que está errado, mas vou fazer quando eu quiser. Essa é a interpretação mais clara. Ela sabe que é insuportável conviver com alguém pego em flagrante”, alertou.
Conforme o “Estado de S. Paulo”, após três semanas do início da crise no Ministério do Trabalho, cresceram as chances de o PDT ser rifado da pasta na reforma programada para o primeiro semestre do próximo ano. O partido não recebeu nenhuma garantia do Palácio do Planalto de que manterá o órgão comandado por Carlos Lupi.
Sucessivas irregularidades
→ Denúncia da revista “Veja” mostrou: em viagem oficial em 2009, Lupi usou avião alugado por um empresário dono de ONGs que têm contratos de mais de R$ 10 milhões com o ministério. Assessores teriam pedido propina às organizações para manterem convênios firmados com a pasta. Segundo a publicação, funcionários de órgãos de controle da pasta exigiam comissão de 5% a 15% do valor dos convênios para resolver “pendências” criadas por eles mesmos.
→ A “IstoÉ” revelou que um sindicalista afirmou ter sido coagido por altos servidores do Ministério do Trabalho a pagar um pedágio à Força Sindical, central controla pelo PDT.
→ A “Folha de S.Paulo” levou à luz que uma ONG presidida por filiado do PDT recebeu recursos mesmo depois de a Polícia Federal abrir inquérito para investigar suspeitas de irregularidades em convênios anteriores.
→ Segundo o “Correio Braziliense”, Lupi é acusado de oferecer ao seu motorista particular, Felipe Augusto Garcia Pereira, um cargo comissionado de assessor técnico na Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro, com salário de R$ 13,6 mil, mas ele não desempenhava o cargo. A nomeação teria ocorrido em junho de 2007.
→ Reportagem do “Estado de S. Paulo” afirma que o ministro, além de empregar parte da cúpula do PDT, também teria encontrado brechas para repassar recursos a centrais sindicais impedidas pelo TCU de receber dinheiro público por conta de irregularidades detectadas no passado. Só neste ano, essas entidades teriam recebido R$ 11 milhões.
→ Em reunião com a cúpula do partido, Carlos Lupi disse: “Para me tirar só abatido à bala. E precisa ser bala forte porque eu sou pesadão”. Após bronca do Planalto, ele pediu desculpas públicas pelas declarações e disse amar Dilma. “Presidente Dilma, desculpe se fui agressivo, não foi minha intenção: eu te amo”.
→ Movimento contra corrupção levou vassouras (foto) ao Congresso simbolizando a desejada limpeza das irregularidades que tomam conta do governo.
(Reportagem: Artur Filho / Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / Foto: Elyvio Blower)
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