Administração perdulária
Deputados apontam contradições em depoimento de Mantega na Câmara
O depoimento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em audiência na Câmara nesta quarta-feira (23) reforçou as contradições do governo petista. Assim avaliaram deputados tucanos presentes à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC). O petista disse que o Planalto segurou os gastos com a máquina e aumentou os investimentos, inclusive com o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Na prática, o cenário é diferente. Segundo os parlamentares, o que cresceu foi o desperdício.
Como ressaltou o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), em comparação com outubro do ano passado, houve aumento de 12,3% nas despesas correntes e queda de 34% na aplicação em infraestrutura. Balanço divulgado ontem (22) mostra que o PAC não saiu do papel: apenas 11,3% das obras previstas até 2014 foram concluídas entre janeiro e setembro deste ano.
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Nogueira destacou que a carga tributária subiu. Ele citou o Imposto sobre Operação Financeira (IOF), que arrecadará cerca de R$ 32 bilhões em 2011. “Não estamos aumentando nossa competitividade, ela está piorando. O governo acaba de editar medida provisória que eleva tarifas aeroportuárias e, consequentemente, o Custo Brasil”, lembra o líder.
Conforme alerta o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), os gastos com salários do Executivo mais que dobraram nos últimos nove anos. “Não é um trem, mas um transatlântico da alegria”. A alta aconteceu, principalmente, porque o número de ministérios passou de 26 na era Fernando Henrique para 39 na gestão petista, segundo Antonio Imbassahy (BA).
Vanderlei Macris (SP), um dos autores do pedido de audiência, apontou que a União não quer reduzir as despesas. “Os projetos e as MPs que chegam ao Congresso são sempre com mais custos.” Na visão dele, o cenário dos mercados internacionais é desanimador. Macris criticou o fato de o Executivo privilegiar alguns setores da economia em detrimento de outros. Desde a crise de 2008, o têxtil e o calçadista sofrem por causa da invasão de produtos estrangeiros.
Na audiência, Mantega defendeu o aumento do Imposto sobre Produtores Industrializados (IPI) para os carros que não tiverem 65% das peças produzidas no Brasil, medida contestada pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Ainda no encontro, os deputados questionaram sobre a possível pressão exercida pelo governo para trocar a direção da Vale, o que ocorreu em maio. De acordo com o líder da Minoria, Paulo Abi-Ackel (MG), “as empresas de capital misto não podem funcionar como braços políticos do PT”.
Fernando Francischini (PR) condenou, ao final da reunião presidida por Nilson Leitão (MT), a redução do orçamento dos órgãos de fiscalização e da Polícia Federal. Segundo ele, a CGU sofreu um corte de 40% e a PF de 60%. O tucano cobrou planejamento para que o fato não volte a acontecer, pois essas instituições ajudam a “fechar as torneiras da corrupção”.
(Reportagem: Djan Moreno / Foto: Larissa Ponce /Áudio: Elyvio Blower)
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