Câncer da administração
Incompetência e corrupção no governo impedem avanços na infraestrutura, avalia Domingos Sávio
A carta de conjuntura do mês de novembro do Instituto Teotônio Vilela (ITV) mostra que a infraestrutura brasileira vai mal. Uma das razões apontadas é o fato de o governo não investir, mesmo com a abundância de recursos nunca antes vista. Em análise do documento, o deputado Domingos Sávio (MG) avalia que falta eficácia do Planalto para destinar verbas e atrair aplicações privadas. O grande problema, segundo o tucano, se dá pela somatória de duas marcas registradas do PT: incompetência e corrupção.
“Identifico os grandes cânceres da administração pública: a corrupção e a ineficiência de gestão, que se aliam contra o povo brasileiro”, afirmou ao citar as denúncias de irregularidades em órgãos como Ministério dos Transportes e Dnit. Ele destacou ainda que apenas “licitações de carta marcada” prosperam no país. O parlamentar explica que bilhões de reais são desviados por conta desses fatores. “A baixa infraestrutura que observamos em portos, aeroportos e rodovias é fruto desse binômio”, aponta.
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Enquanto o país gasta cerca de 2,32% do PIB com infraestrutura, bem menos que nos anos 1970 (5,4%), em vizinhos como Chile e Colômbia os valores são três vezes maiores. Já em nações da Ásia, a proporção cresce ainda mais: 7,3% do PIB na China, 10% no Vietnã e 15,3% na Tailândia. Boa parte do dinheiro é usado para os transportes, que, no Brasil, recebem somente 0,5% das receitas. Nos rankings que medem a competitividade das nações, o país ocupa o 53º lugar entre 142 nações.
Principal bandeira de Dilma Rousseff na área, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não prospera: reúne obras inacabadas e só conseguiu concluir um terço do previsto. “Isso nada mais é que uma jogada de marketing”, criticou. O tucano afirma que, ao intitular qualquer obra como sendo do projeto, o Planalto gera burocracia para prefeitos e outros gestores.
Sávio acredita que o país poderia ter obtido crescimento maior durante a boa fase dos mercados mundiais, mas não soube aproveitar as oportunidades e hoje corre risco de entrar em recessão. “Ou mudam a forma de governar, param de lotar ministérios e passam a trabalhar com planejamento e responsabilidade, ou a gestão Dilma chegará ao fim e não saberão sequer quem irão culpar pelas mazelas”, concluiu.
Transporte precário
→ No que se refere à qualidade da infraestrutura a situação é ainda pior: o Brasil fica na 91ª posição quanto às condições das ferrovias; em 118ª em rodovias; em 122ª quanto à situação dos aeroportos; e em 130º em relação aos portos.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)
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