É permitido mentir

Presidente Dilma é conivente com malfeitos de Lupi ao mantê-lo no ministério

A permanência do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é prova da conivência de Dilma Rousseff com os malfeitos do pedetista. Essa é a avaliação de deputados do PSDB diante da notícia de que a presidente está disposta a deixar o gestor na pasta. A decisão do Planalto acontece após depoimentos pífios de Lupi na Câmara e no Senado, com direito a momentos de arrogância plena (“só saio à bala”) e de “lapsos” seletivos (“a memória às vezes falha”).

O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), lembrou que o titular é alvo de uma enxurrada de denúncias. “Ao mantê-lo no cargo, Dilma assume o risco de ser conivente com o que ela prefere chamar de ‘malfeitos’. Ela passa uma triste mensagem: de que é permitido mentir, infringir a ética e zombar do Parlamento e do povo. Esse é um péssimo exemplo que seu governo dá ao país”, criticou o tucano pelo Twitter.

Segundo César Colnago (ES), a petista está tentando evitar a marca de sete ministros substituídos no primeiro ano de mandato. “Qualquer governo pautado na ética e na transparência não ficaria com uma pessoa com tantas situações não explicadas. Qual é o sentido de ficar com alguém que está sob a mira de tantas irregularidades?”, questionou.

De acordo com o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), falta pulso. “É inadmissível convivermos com um ministro que mente e fica com chacotas e a presidente não tem coragem de demitir os funcionários que o ex-presidente Lula deixou de herança maldita. Ela não está tendo pulso para romper com essas algemas e fica titubeando. Temos que dar um basta nas mentiras”, cobrou.

Para Jutahy Junior (BA), a permanência de Lupi mostra falta de compostura. “Ele declarou que tem todas as condições de continuar, Dilma concordou e o mantém no posto”, comentou em sua página no Facebook.

Novas suspeitas envolvendo Lupi continuam vindo à tona. Segundo a “Folha de S.Paulo”, neste ano ele já recebeu R$ 33.422,55 em diárias. O “Correio Braziliense” revela que o pedetista tinha um motorista empregado pela Superintendência Regional do Trabalho (SRT) do Rio de Janeiro à sua disposição quando estava no estado. Felipe Augusto Garcia Pereira ganhava R$ 13,6 mil mensais para servir o presidente licenciado do PDT.

Sociedade com o malfeito

→ “Se Dilma Rousseff ficou satisfeita com o desempenho do ministro do Trabalho em seu depoimento no Senado e está mesmo disposta a mantê-lo no cargo, é porque aceita de bom grado que mentir e beneficiar-se do dinheiro público são parte do jogo de poder”, diz trecho da Carta de Mobilização Política do Instituto Teotônio Vilela (ITV)

→ De acordo com o ITV, o Planalto parece não se importar com as mutretas do desmemoriado. “Com a postura que assumiu no atual escândalo, Dilma Rousseff não deixa dúvidas quanto a que lado defende. Sua sociedade com o ‘malfeito’ foi definitivamente selada.”

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Marcello Casal Jr/ABr /Áudio: Francisco Maia e Hélio Ricardo)