Faxina urgente

Novas denúncias contra Lupi reforçam necessidade de CPI para apurar corrupção

As novas denúncias que atingem o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, reforçam a necessidade de uma CPI para limpar a corrupção na Esplanada. Para deputados tucanos, a comissão de inquérito é o único instrumento capaz de realizar a faxina ética necessária na gestão federal. No começo da semana, integrantes do PDT, partido de Lupi, anunciaram apoio ao pedido da oposição. Assim como afirmou Fernando Henrique Cardoso, Antonio Imbassahy (BA) e Wandenkolk Gonçalves (PA) acreditam que o principal desafio político de Dilma Rousseff será desmontar o sistema de irregularidades iniciado no governo Lula.

Em entrevista ao “Estado de S. Paulo”, FHC disse que a desconstrução do cenário atual é essencial para garantir a governabilidade e preservar a democracia brasileira. Os parlamentares têm opinião parecida. Segundo eles, Dilma precisa defender a bandeira da moralidade se quiser ver o país livre dos escândalos.

“Não adianta trocar seis por meia dúzia. O problema é sistêmico e foi herdado da gestão anterior. É preciso modificar a metodologia ou teremos sempre novas denúncias”, alertou Imbassahy. Não visão dele, o Planalto prioriza a fisiologia e o loteamento de cargos, desperdiçando dinheiro da população. “É uma falta de respeito com o contribuinte”, criticou.

Para Wandenkolk, o país precisa passar por limpeza geral. “Dilma tem que ser mais Brasil  e menos PT, mais presidente e menos partidária. Só assim andaremos no caminho da ética e da moralidade.” As declarações de Fernando Henrique demonstraram altivez e liderança política, acrescenta o deputado.

Apesar da insistência da ampla base aliada para impedir a CPI, o tucano acredita que a oposição conseguirá as assinaturas necessárias para criá-la. Segundo ele, a sociedade vê na comissão uma maneira de esclarecer e punir os culpados pelos desvios de recursos. “Os congressistas devem assinar o pedido de instalação da comissão para diminuir o esquema de corrupção sistêmico”, afirmou.

Novas adesões

O apoio de parlamentares pedetistas demonstra, segundo Wandenkolk, que ainda há deputados honrando o mandato. Segundo a “Folha de S.Paulo”, o senador Cristovam Buarque (DF) será o terceiro da agremiação a aderir à solicitação, seguindo o deputado Antônio Reguffe (DF) e o senador Pedro Taques (MT). Até o momento, a oposição colheu 130 das 171 assinaturas necessárias na Câmara e 21 das 27 no Senado.

No último final de semana, o líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), defendeu a necessidade de retomar as discussões sobre o assunto. “Há um esquema muito semelhante de desvio de recursos em vários ministérios. Isso precisa ser apurado. Enquanto houver ralos no governo, o cidadão é prejudicado. Os recursos desviados estão fazendo falta na saúde, na educação. A CPI não é contra o Executivo, mas a favor da sociedade.”

(Reportagem: Djan Moreno / Fotos: Paula Sholl / Áudio: Francisco Maia)