Carona imoral


Permanência de Carlos Lupi no Trabalho fica cada vez mais insustentável

Na avaliação dos deputados Antonio Imbassahy (BA) e Cesar Colnago (ES), a permanência de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho ficou ainda mais insustentável diante das novas denúncias. Para os tucanos, a reportagem da “Veja” sobre a suposta carona ao pedetista em um avião pago por uma ONG revela que ele mentiu em depoimento na Câmara na última quinta-feira (10). Na ocasião, Lupi alegou não ter relação alguma com Adair Meira, dono da instituição que teria pagado a viagem.

Segundo Imbassahy, a situação de Lupi já é complicada. “Durante o depoimento, o ministro falseou, não revelou tudo o que conhecia, inclusive o envolvimento dele com práticas irregulares da administração, que ferem a ética e os bons princípios. Agora, com esses fatos, vai ficando insustentável a sua permanência”, afirmou Imbassahy.

Líder pedirá afastamento de Lupi à Comissão de Ética da Presidência

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Colnago considera as atitudes do ministro imorais. O tucano definiu o discurso do pedestista como “um grande teatro”. “Infelizmente a mentira é dita da maneira mais deslavada possível. As pessoas prometem sabendo que não vão fazer e negam sabendo que fizeram”, criticou.

Além da reportagem da “Veja”, outras denúncias surgiram. Segundo o “O Globo”, o comando das Superintendências Regionais do Trabalho por todo o país tem sido loteado a filiados do PDT. Levantamento do jornal identificou que em 13 estados a chefia das unidades está nas mãos de dirigentes partidários ou candidatos derrotados na eleição de 2010. O “Estado de S.Paulo” revelou que Lupi permite a atuação de lobistas dentro da pasta para negociar a liberação do registro sindical.

Os parlamentares condenaram o modelo político adotado pelo governo do PT, que entrega ministérios a partidos e, assim, permite a divisão de cargos. “Cada legenda administra o seu órgão olhando mais interesses da legenda do que da nação. Esse é um grave equívoco”, avaliou Imbassahy. Segundo ele, é preciso modificar o sistema. “Enquanto isso não acontecer, o Brasil vai conviver com fatos bastante desagradáveis.”

Colnago concorda. “O que esperamos de um ministério é competência técnica, compromisso com a população e, acima de tudo, orientação política para resolver as principais questões brasileiras e não o loteamento que se faz para determinadas forças políticas esquecendo a finalidade das ações”, afirmou.

Ministro enfraquecido

→ Os deputados do PSDB lembraram que Lupi vem perdendo apoio dentro do próprio partido: o PDT. A acusação da revista “Veja” foi feita pelo ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego do ministério, Ezequiel de Souza Nascimento.

→ O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), anunciou que vai protocolar representação na Comissão de Ética Pública da Presidência da República pedindo o afastamento do ministro. Já o deputado Fernando Francischini (PR) vai apresentar requerimento de audiência pública para ouvir esclarecimentos de Adair Meira e Ezequiel Nascimento.

→ A crise envolvendo o ministro começou no início de novembro, com a denúncia de que verbas estariam sendo desviadas de ONGs que possuem convênio com o Ministério do Trabalho. Segundo o “O Globo”, só em Sergipe, 20 inquéritos foram abertos pela Polícia Federal para investigar fraudes em entidades que receberam R$ 11,2 milhões em convênios com a pasta. Relatório da Controladoria-Geral da União mostrou indícios de desvio de dinheiro em convênios com 26 entidades em vários estados.

→ Relatório do Tribunal de Contas da União de 19 de outubro apontava que mais de 500 relatórios de prestação de contas apresentados por ONGs e outras entidades que receberam verbas públicas estavam sem fiscalização no ministério. A revista “Veja” revelou ainda a existência de um esquema de cobrança de propina sobre o valor de convênios, operado por integrantes do PDT no Ministério do Trabalho.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Elza Fiúza/ABr )

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14 novembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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