Discurso debochado


Tucanos acreditam que depoimento deixa situação do pedetista insustentável

O depoimento do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, na comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara nesta quinta-feira (10) foi marcado por desrespeito à ética e à moral, com direito a elogios, emoção e até declaração de amor. Por outro lado, como destacam deputados tucanos, os esclarecimentos sobre o esquema de cobrança de propina na pasta, foco central do encontro, foram insuficientes para comprovar a inocência do pedetista. Lupi seguiu um roteiro interpretado por outros assessores diretos de Dilma Rousseff, acusados de irregularidades e demitidos nos últimos dez meses.

“Mais um ministro vem aqui cheio de suspeitas de desvios em sua pasta. O cenário é o mesmo e a permanência dele fica insustentável”, resumiu Fernando Francischini (PR). Na visão do parlamentar, a relação do presidente licenciado do PDT com ONGs conveniadas com o Trabalho reforça um alerta feito pelo Tribunal de Contas da União: não houve prestação de contas de mais da metade dos projetos do órgão.

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Segundo o deputado, são 491 convênios desde 2003 com as entidades, sendo que 251 aguardam a conclusão de análise da execução. De R$ 697 milhões, 54% encontram-se nessa situação. “Os dados são duros. O senhor está à frente da pasta e deve uma resposta”, disse ao pedetista, que tentou desqualificar as denúncias. “É mais uma tentativa de defesa de alguém que está sendo abandonado”, rebateu Francischini.

Vanderlei Macris (SP) anunciou que a presença da tropa de choque do Planalto não era motivo de animação, pois os titulares que caíram também contaram com o apoio, mas não foram poupados da exoneração. A negação do esquema, segundo o tucano, é contraditória diante das evidências. Durante o encontro, o ministro disse que “se houve algo foi individual”. “Ainda que seja, ele tem responsabilidade direta com as pessoas que indicou”, criticou.

Vaz de Lima (SP) também reprovou o ataque à imprensa. Lupi disse que a mídia “conspira para derrubá-lo”. O deputado rechaçou o discurso emocionado e com tom religioso do ministro. No depoimento, ele mencionou inúmeras vezes o nome de Deus, pediu perdão à presidente Dilma pela fala de que só seria demitido “à bala”. “Desculpe-me se fui grosseiro, presidenta. Eu te amo”, disse.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Marcello Casal Jr./ABr / Áudio: Elyvio Blower)

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10 novembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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