Irregularidades permanentes

Em artigo, FHC mostra visão de estadista ao alertar para banalidade da corrupção no governo petista

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não perdeu a visão de estadista e a lucidez, características com que transformou a vida dos brasileiros quando administrou o país (1995-2002). Essa é a avaliação de deputados tucanos em referência ao artigo publicado no fim de semana intitulado “Corrupção e Poder”. No texto, o sociólogo critica a banalidade das irregularidades no governo petista.

“O que era episódico se tornou um sistema, o que era desvio individual de conduta se tornou prática aceita para garantir a governabilidade”, reprovou FH. “Estamos diante de um mecanismo político que começa a ter a corrupção como esteio, mais do que simplesmente diante de pessoas corruptas.”

Para Antonio Carlos Mendes Thame (SP), os recentes escândalos envolvendo organizações não governamentais (ONGs) ocorrem porque o PT procura brechas para burlar a Lei de Licitações. Ele acredita que a gestão federal deixa de fazer a parte dela para delegar o trabalho às entidades. “Estamos assistindo o apossamento do Estado por alguns partidos. Os desvios vêm em seguida porque não há preocupação técnica. Os cargos estão sendo ocupados para usufruto financeiro”, frisou.

Secretário-geral do PSDB, o deputado Rodrigo de Castro (MG) acrescenta que a população convive com a ineficiência do Planalto, enquanto os desmandos avançam. Ele criticou a relação espúria do Executivo com a base aliada. “Estamos presenciando o aparelhamento como nunca visto. Uma estrutura burocrática, com quase 40 ministérios. Os quadros são preenchidos segundo a filiação partidária. O resultado é: corrupção, desorganização e bagunça”, disse.

César Colnago (ES) defende o fim do sistema perverso montado pelo PT nos últimos anos de tirar vantagens partidárias ou pessoais da esfera pública. “A governabilidade está sentada em cima do fisiologismo da repartição dos ministérios para as forças políticas se perpetuarem por meio de desvios e fraudes. É preciso um choque de moralidade”, concluiu.

(Reportagem: Artur Filho / Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)